Neste ano o cinema buscou um daqueles que podemos chamar de clássicos cult e concebeu a continuação de “Tron – Uma odisséia eletrônica”, filme de 1982. Esse filme é “Tron – O Legado”, nova aposta da Disney que possui uma composição gráfica esplêndida, um desenho de produção iluminado e efeitos visuais impressionantes, funcionando ainda mais para quem assisti-lo em 3D. É uma experiência grandiosa aos apreciadores da tridimensionalidade que não encontravam tanta qualidade desde “Avatar”. Há ainda a oportunidade de acompanharmos num único filme uma transformação do 2D para o 3D, e não precisamos tirar o óculos para perceber a diferença. Há ainda um outro grande atrativo, a trilha sonora estonteante composta pela dupla do “Daft Punk”, forte candidato ao Oscar 2011.
O filme: Kevin Flynn (Bridges) é o presidente da Encom, homem com idéias revolucionárias disposto a criar uma dimensão perfeita a qual o homem possa se inserir. Após uma conversa com seu filho Sam, ele misteriosamente desaparece, deixando sua empresa nas mãos de outras pessoas até seu filho crescer e assumi-la. Questões a respeito sobre seu paradeiro permeiam por anos. Assim, o longa faz um salto no tempo e mostra Sam (vivido por Garrett Hedlund) crescido – com 27 anos – a caminho da empresa, controlada por outros caras com diferentes interesses, entre eles está o ator Cillian Murphy – difícil de reconhecer. Situações levam Sam ao fliperama do pai e encontrar uma espécie de portal que o destina até a grade, um universo virtual o qual Kevin ficou preso por 25 anos.
Detido por um vislumbre técnico, a percepção do espectador frente à produção do filme deverá ser contagiante, pois, não são somente as batalhas, as roupas e as motos com luzes remetendo a neons que impressionam, mas a composição dos personagens e do cenário, resgatando as origens do distante primeiro filme que tornou-se cult. Esse deverá seguir o mesmo caminho. Aqui não há margens para continuações... mas os produtores sempre inventam uma. Não se espera de um filme como “Tron” um roteiro afiado, uma grande história para se contar, embora possibilite pensar nesse universo como uma metáfora de mundo, de idealização e de perfeição, como sugere o personagem de Bridges – é a perfeição que ele buscou e esta sempre esteve em sua frente sem que percebesse. Da mesma forma, a criação de Kevin, o programa Clu (também vivido por Bridges) segue a linha outrora idealizada pelo criador, o que provoca o conflito do filme.
Jeff Bridges que ganhou o Oscar em 2010 por “Coração Louco” protagoniza esse blockbuster vivendo distintos personagens. O ator passou por um trabalho orgulhoso de maquiagem e rejuvenescimento digital em algumas cenas, notável diferença. Novamente, desempenha um bom papel, com intensidade rebuscada, talento destaque em meio a outros atores com tão pouco a mostrar, caso do jovem Garrett Hedlund que precisará de sorte e contatos para se engajar em outros bons projetos. Já Michael Sheen, que vive o esquisitíssimo Zuse não está nada discreto, e ainda arrisca uns passinhos de dança inexplicáveis enquanto assiste uma luta. Também há mulheres que mais parecem estátuas de cera. Sobressai-se a morena de olhos azuis, Olivia Wilde, que aqui vive Quorra, uma esperança para a humanidade quando fora daquele universo. Com as poucas oportunidades que teve em cena, a jovem agarrou bem os lapsos dramáticos de sua personagem.
A direção é de Joseph Kosinski, e nessa dimensão que explora a era da informática, constitui um filme simbolicamente preciso. Há razões: a grade é um mundo a parte, uma representação metafísica com valor de realidade do que seria perfeito ao contrário de nosso mundo. Feita toda em computador, ela é julgada um lugar ideal a partir da visão de seu personagem Kevin Flynn. E ele paga por essa crença. Dando asas à imaginação, a realidade imposta por essa não física idéia, mas que é inteligente e potencialmente capaz de acontecer sozinha após a criação humana, recai em projetos já discutidas pelo cinema, como em “2001 – Uma odisséia no espaço”. Seu solo fértil merece mais explorações. O roteiro não estimula uma percepção mais inteligível de seu público, concentra-se mais nos aspectos técnicos que naturalmente deslumbram. É um bom filme que oferece bem mais do que à tridimensionalidade, no entanto, perdeu sua grande força quando decidiu ser somente um arrasa quarteirões.
Só pelo visual do filme já dá vontade de assistir... Realmente parece um deleite para os olhos...
ResponderExcluirNão sei bem se é meu estilo, mas sempre gostei do Jeff Bridges... E ver a 13 de House parece uma boa!
;D