terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Proseando sobre... A Partida


Falar da morte afasta as pessoas. Poucos tem interesse em discutir e encarar o assunto; outros sentem repulsa só em ouvir. Não é que a morte seja algo para se digerir com facilidade, – ela não é, não há como ser – ainda mais para quem perdeu um ente querido em algum momento da vida e sofreu. Sofrer, aliás, é uma condição da falta, e quem fica sente e se amargura. Em meio a tantas e diversas culturas, a morte tem distintos significados. As explicações são variadas. Como lidar com ela é algo bastante particular. No filme "A Partida", disponível em DVD, a morte ganha atenção através de uma história singela, simples e por vezes poética, colocando o protagonista Daigo (Masahiro Motoki), um violoncelista, trabalhando como funcionário de uma funerária, encarregado de maquiar e vestir os mortos seguindo uma tradição já estabelecida com sensibilidade pelo patrão.

Seu trabalho é visto com preconceito pelos que estão a sua volta, sobretudo por sua esposa, Mika (Ryoko Hirosue), enfraquecendo sua atuação já destacada neste ofício, lhe rendendo conseqüências emocionais e profissionais. Carregando um instrumento que não pode pagar, Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki) vê seu sonho de ser um famoso violoncelista ceder quando a orquestra a qual participava se desmanchou. Obrigado a devolver o instrumento, ele reflete sobre seu peso, peso que o impossibilita possuí-lo –essa passagem metaforiza o peso do instrumento em suas costas, em sua cabeça e em sua vida, ressaltando seu sonho idealizado diante suas atuais condições, alcançando ainda sua vida conjugal, embora a mulher o apóie na maioria de suas decisões. Sem o emprego, morando de aluguel, Daigo e Mika decidem sair de Tóquio e retornar ao interior, para a cidade natal do rapaz onde possui uma casa herdada da mãe. Um novo caminho a se seguir, mais longo e igualmente difícil cuja companhia um do outro serve como muleta para restituir alguma felicidade.

A vida se atenua nessa mudança, trazendo imediatamente a concepção de um imaginário futuro e do que poderia vir a ser sua relação amorosa, conjugando a necessidade de um com sua ambição juntamente ao comodismo e pouca aspiração do outro. Há ainda outra frustração quanto a relações: o drama entre pai e filho, onde uma separação decisiva dimanou lágrimas e mágoas. Se falar da morte também é falar da vida, “A Partida” trata os dois com igualdade traduzindo em cada cena o limiar do viver, sua finitude por vezes inaceitável. O diretor Yojiro Takita traz com suscetibilidade uma história simples recheada de momentos pra lá de reflexivos, questionando e demandando do público uma idéia de seus próprios limites. Tratar assuntos desse âmbito com bom humor, ainda mais no cinema, é uma tarefa para poucos, não encontrada facilmente. Takita entrega um trabalho saudável para a mente, e é ótimo ouvi-lo também – há trilhas fantásticas durante seu desenrolar. Com atores engajados no projeto demonstrando tanto carisma quanto seriedade, a produção potencializa a questão “morte” e a relação que nós temos com ela.    


6 comentários:

  1. nossa q down, mas verdadeiro

    as unicas certezas q temos eh q vamos morrer e q fim de ano tem especial roberto carlos ;D

    bjukis da prima donna

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  2. Ouvi falar desse filme, mas não sabia ainda muito sobre o que ele abordava.Falar e ouvir algo sobre morte nunca é bom, mas acredito que um filme seguindo essa temática seja uma grande influência para o crescimento, quem sabe até sirva de ajuda para acontecimentos futuros. O cinema tem esse grande poder de auxilio por beirar muito a realidade mesmo em filmes de ficção.

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  3. muitooo bom seu post....fiquei até com vontade de assistir esse filme *-*

    beijuxx
    seguindo xD
    ;**

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