sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Proseando sobre... As Melhores Coisas do Mundo

 
Um filme não precisa de orçamento milionário para ser um grande filme. Uma boa história dispensa artifícios técnicos de orçamentos colossais. Afinal, o cinema se fez gigante sendo simples, e simplicidade é ainda a melhor forma para a realização de tal arte. Felizmente os cineastas brasileiros vêm encontrando outros caminhos que não só exibem violência e sertão, temas que rendem antipatia por parte do público. No entanto, contraditoriamente, vendem mais. Basta uma boa olhada na prateleira e notarão um leque de temáticas muitas vezes não divulgadas concebidas pelo nosso cinema. Os jovens parecem ser a nova isca para atrair público e este “As melhores coisas do Mundo”, trabalho brilhante da cineasta Laís Bodanzky, vem provar de uma vez por todas que o cinema brasileiro está em plena expansão. 

Distantemente dos seus projetos anteriores, “Bicho de Sete Cabeças” e “Chega de saudade”, – este segundo fala da velhice – o novo trabalho da diretora questiona o dia a dia de adolescentes numa escola em São Paulo. Cheio de espinhas, perdidos em seus desejos, hormônios aflorando, um grupo de amigos se encontra no cerne da história, vivendo a fase com todo o ardor. Um emaranhado de situações irá atingir esse grupo, levando-os a reflexões e frustrações. O bullying, em especial, é tão bem trabalhado no roteiro que projetamos um pesar sobre aqueles jovens vítimas desse crime, ainda mais numa geração a qual novidades se dissipam com muita rapidez. 

Internet, vídeos, máquinas digitais, celulares, bluetooph estão no filme, espalhando informações de modo epidêmico. A personalização de uma blogueira é conveniente a essa sutil crítica, onde, igualmente uma revista de fofoca, a garota espalha intimidades de seus amigos numa exposição absurda. Bodanzky trabalha com um elenco iluminado, mesclando atores renomados com até então desconhecidos. Francisco Miguez não se constrange ao assumir o protagonismo do longa. Dando o tom ideal a Mano, conduz a história vivendo um adolescente com erros e acertos. O protagonista não está livre de preconceitos ou dos impulsos de sua fase, o que dá maior originalidade a um personagem tão difícil. Miguez impressiona com naturalidade e carisma. 


É a época da busca e recompensa. Os desejos sexuais aflorando, as atitudes ingênuas e os experimentos acontecendo. É impossível não se identificar com algumas ações desses adolescentes, em especial Mano, que em certo momento decide fumar apenas para impressionar uma garota mesmo detestando o cigarro. Desperta a atenção as trocas de confidências entre o rapaz e Carol (Gabriela Rocha) no ônibus, um exímio retrato das negações sobre as ações do outro resultando provocações. Em contraponto a personalidade dos personagens tão bem destacadas pelo roteiro de Luiz Bolognesi, – marido da diretora – a fotografia e as canções estão ritmadas. Destaque especial aos apartamentos e quartos onde cada um desses jovens vive, estilizados em acordo as suas personas. “Something” dos Beatles marca presença num ato exibicionista.

As conseqüências arrastam resoluções óbvias, caricatas, mas convenientes. Fiuk foge do reino das maravilhas de “Malhação” para viver um personagem existencial e surpreendente. Denise Fraga, ótima no papel de mãe separada, dá bastante força a uma personagem que pouco aparece em cena, fortalecendo seu senso ético, quase hasteando uma bandeira tamanha crença. Da mesma forma Caio Blat dá dignidade a um professor de física adorado pelos alunos; e Paulo Vilhena fazendo justiça a um professor de música com filosofias inspiradas por sua grande paixão. Não se gosta de "As melhores coisas do mundo" por causa de seus atributos técnicos e cenas de tirar o fôlego – embora a diretora encontre alguns recursos virtuosos durante a narração – mas por sua honestidade, nos aproximando da adolescência nos dias de hoje com uma naturalidade comovente.


5 comentários:

  1. O filme parece ser bom.
    Gosto do trabalho de Caio Blat.
    Mais um filme brasileiro para a pequena lista dos filmes que não falam de violência.

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  2. pow cara, maneiro seu blog, difícil ver um blog assim desse nível, legal mesmo, parabéns!

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  3. O filme deve ser bom, é brasileiro e fala sobre a vida adolescente. Uma boa seria que os pais assistissem e entrassem um pouco nesse mundo meio confuso.Adorei o seu blog!
    Visita o meu?
    http://comportamentoteen.blogspot.com/

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  4. parece ser bom nao e meio o meu estilo mais parece ter um pouco de comedia tbm parabens pelo blog



    http://planetahuumor.blogspot.com/

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  5. Meu caro, "sem grande orçamento..."???? pra te avisar esse filme custou mais de R$7milhoes. Esse é o cancer do cinema nacilnal. muita grana publica para filmes que nem se pagam.

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