Richard Kelly, o diretor e roteirista do cult aclamado “Donnie Darko”, retorna aos cinemas com uma premissa sedutora: um homem desconhecido aparece na porta de uma casa e oferece aos moradores uma caixa com um botão. Quem apertar, na hora irá faturar uma maleta contendo 1 milhão de dólares. Por outro lado, alguma pessoa no mundo, desconhecida, terá de morrer. A lógica dessa idéia embutida no suspense “A Caixa”, disponível em DVD, se apóia na idéia do filósofo francês Jean-Paul Sartre de que o inferno são os outros. A sentença é dita e compreendida dentro da história no filme através da situação de que, para um bem particular, alguém tem de pagar. O outro como interferente é quem poderá impedir o objetivo pessoal de um determinado sujeito, infringindo sobre seu propósito individual.
Na narrativa de “A Caixa”, baseada num conto de Richard Matheson, a professora Norma Lewis (Cameron Diaz) é quem receberá a visita desse homem trajando um elegante terno, um chapéu e carregando uma imensa cicatriz no rosto. Esse é o misterioso Arlington Steward vivido pelo sempre ótimo Frank Langella, que lhe explica as condições de apertar o botão dando a mulher o prazo de 24 horas para tomar alguma decisão. Fascinada porém desconfiada, ela leva a oferta até seu marido, o engenheiro Arthur Lewis (James Marsden), e juntos questionam quando poderiam encontrar outra oportunidade de ganhar tanto dinheiro resolvendo de vez seus problemas.
Com esquemáticos planos que fortalecem a tensão juntamente a uma trilha sonora pesada, “A Caixa” funciona bem como um suspense psicológico enérgico, apesar dos maneirismos do roteiro. Claustrofóbico, os personagens estão sempre dentro de lugares ou situações que exijam alguma escolha, como se estivessem enclausurados, metáfora esgaçada quando um personagem sugere que todos estão presos em caixas, sendo em casas, carros, quartos, leis... a história que também avança por um imaginário científico não economiza em cenas que transportam o espectador a um ambiente metafísico. No meio dessa proposta, o casal ainda tem que se preocupar com o filho e, como Arthur acabara de passar por uma grande decepção com um projeto na NASA, tudo parece conspirar para que aceitem a proposta apesar das preteridas consequências.
Diaz é a estrela do filme e se entrega a um papel de fácil identificação sustentando amargura por uma deficiência física que lhe incomoda há anos. Essa, aliás, é um designo projetivo de Norma a Arlington. Funcionando bem dentro da proposta de produzir tensão, esse suspense é mais uma atração nas prateleiras dentro da pretensão de tornar sua história algo bem mais inteligível. Sem a força de “Donnie Darko”, Kelly não cria uma nova grande obra cinematográfica e deverá continuar a ser lembrado por seu antigo projeto.
Muito bom o blog. Tudo de ótima qualidade!
ResponderExcluirEstou seguindo, espero sua retribuição!
http://umpoucosobreisso.blogspot.com
E aí Marcelo! Infelizmente, cinema é um assunto que comigo não rende muita prosa não, sou pouco ligado à esse mundo, na realidade prefiro outras expressões de arte. Porém, ao ler seu texto vejo que fala com muita propriedade sobre o assunto. Vejo que há certo estudo por traz do post e não simplesmente copiar a sinopse e colar no blog, isto é louvável.
ResponderExcluirParabéns pelo blog,
Quando puder, visite-me em retribuição
A CAIXA é um filme excelente, pois coloca em questão a ganância do ser humano. Mesmo sabendo que alguém iria morrer se o botão fosse apertado, o casal foi até o fim para poder ganhar o dinheiro prometido. E o final eu achei inesperado.
ResponderExcluirCinema - http://memoriadasetimaarte.blogspot.com
Filmes - http://acervodocinema.blogspot.com
Queria tanto assistir *-*
ResponderExcluirJá ouvi outros comentários a respeito, mas no entanto ninguém havia me explicado a história. Parece ser bem inteligente.
Estou te seguindo.
Se puder, passe lá no meu também. Falo sobre filmes antigos, talvez te agrade :)
http://allclassics.blogspot.com/
vii e achei esse filme muito sinistro
ResponderExcluirhttp://things-and-things.blogspot.com/
deixa recado e vota na enquetee?
Beijo. Feliz Natal caraa (y)