domingo, 12 de setembro de 2010

Proseando sobre... Conta Comigo



Jornada entre riscos e sorrisos
Quem preza a amizade como quando tínhamos 12 anos? Época do ponto de partida da adolescência em que as ações eram bem mais emocionais. Muitos filmes retratam essa fase de ouro, e não são todos que conseguem transmitir com sinceridade o quão importante e inconseqüente ela é; nem o quanto marcante deverá ser. Algumas da melhores lembranças estão lá e são desencadeadas por cheiros, imagens e gostos sempre com uma saudade pungente no peito de tempos que não vão mais voltar. “Conta Comigo” é um dos exemplos de filmes imortais. Falando de infância e início da adolescência, esse considerado clássico da sessão da tarde ainda vigora como um exemplo significativo do ser criança e, embora se passe no final da década de 50, precisamente em 1959, o filme foi realizado nos anos 80 e ainda hoje, mesmo que a tecnologia tenha mudado algumas relações, surte efeito para quem não dispensa o companheirismo. É impossível viver sozinho. 

Dirigido por Rob Reiner que em 2007 filmou “Antes de Partir”, o longa acompanha a jornada de quatro garotos que descobrem o corpo de um menino morto perto dos trilhos de um trem que passava pelo estado de Oregon, próximo a uma pequena cidade onde moravam. O desaparecimento desse menino é uma notícia viral e pensando na possibilidade de ficarem famosos ao serem os responsáveis por encontrarem o cadáver, partem em sua busca. O caminho trilhado irá expor a relação desses quatro: Gordie, aspirante a escritor, vive uma relação conturbada com o pai e sente falta do irmão mais velho morto num acidente; Chris, de origem humilde, sonha com um grande futuro e recentemente teve problemas com um roubo; Corey, desafiador, adora chamar a atenção; e Vern, um gordinho alvo de chacota dos amigos. Reunidos por um objetivo, carregam uma arma de fogo, objeto de consideração por parte dos meninos. No percurso, os episódios em que ficam presos numa ponte por onde um trem se aproxima e o mergulho numa lagoa com sanguessugas são trágicos e cômicos. 

O longa é baseado no conto de Stephen King, “The body”, e foi adaptado para o cinema pela dupla Raynold Gideon e Bruce A. Evans, concorrendo o Oscar de roteiro adaptado. Os personagens são explorados através dos diálogos e das brincadeiras entre as crianças – para exemplificar: o pai alcoólatra de Chris; o sentimento de Gordie achar que seu pai o preferia morto a seu primogênito – e tudo isso através de uma narração em off do escritor décadas após a jornada. Várias são as cenas que denunciam o comportamento impulsivo e descompromissado dos quatro ao mesmo tempo em que outras revelam preocupações adultas: vejam quando empolgados com a caminhada, esquecem completamente de trazer comida; ou quando não levam a sério os reais perigos da arma que carregam; em outra instância, enquanto Chris e Gordie falam do futuro, Corey e Vern discutem sobre super heróis. 

Kiefer Sutherland (à esq) em um dos seus primeiros trabalhos
No elenco, alguns nomes que ficaram famosos posteriormente, dentre eles a presença marcante de um dos atores mais promissores de Hollywood da década de 80 morto prematuramente em 1993 devido uma overdose, River Phoenix. Estão no elenco Wil Wheaton, Corey Feldman (“Gremlins”) e Jerry O'Connell (“Joe e as Baratas”). Completando, Kiefer Sutherland numa representação da rebeldia dentre jovens  do tipo "Juventude Transviada" e John Cusack numa ponta como o irmão de Gordie. O cinema poderoso num pequeno filme que tem muito a contar, o qual o final é mais do que um aprendizado sobre a infância e adolescência, é sobre a vida em sua iminência. A trilha é outro trunfo indo de Jerry Lee Lewis a Ben E. King e seu extraordinário hino, “Stand by Me”. 



3 comentários:

  1. Adorei seu texto! e também acho que filmes como esse nos fazem voltar no tempo e lembrar em como encarávamos a vida..

    ResponderExcluir
  2. Esse filme tem um sentido muito grande para mim. É um dos filmes que mais gostava na sessão da tarde e me remete muito a minha infância. A forma como o filme explora esses medos e incertezas da infância e da juventude é fantástica. Como você mesmo disse o filme trata sobre a vida em sua eminência.
    Excelente texto, excelente filme!

    ResponderExcluir
  3. Comecei bem minhas sugestões! hsauishuiah
    Esse filme é muito especial pra mim, fico feliz que tenha gostado.
    Ótimo texto, o filme é pura nostalgia, é inevitável lembrar de nossas próprias experiências na infância. Você entra no filme e bate aquele aperto quando termina...
    Acho que o filme ajuda a gente a se sentir criança de novo, né...
    O blog tá ótimo, não sei porque já não tinha um.
    Beijos!

    ResponderExcluir