quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Proseando sobre... Nosso Lar



André Luiz é vivido por Renato Prieto
Chico Xavier em 1944, escreveu o primeiro volume de “A Vida no mundo Espiritual”. Dentre os textos psicografados, encontra-se a história de André Luiz, um médico que contou sobre sua trajetória após a morte. O filme “Nosso Lar”, sucesso recente no cinema nacional, é dirigido e escrito por Wagner de Assis, um cara que não tem grandes projetos no currículo – incluindo o abominável “A Cartomante” quando assumiu a direção – e alguns filmes da Xuxa enquanto roteirista. Em seu novo trabalho, tem ao seu lado os fiéis religiosos, o espiritismo e os milhares de devotos com predisposição para lotar os cinemas do Brasil. A história não foge do alvo religioso: o filme quer corresponder seus fiéis, apresentar e inspirar com sua doutrina. Consegue o feito, dentro da ótica da precisão, ao elaborar seus argumentos – detalhadamente explicados ao longo de toda a projeção – reforçados por uma direção de arte solene de Lia Renha. 


André Luiz, vivido pelo ator e diretor de teatro espírita Renato Prieto, busca a todo instante despertar alguma empatia para com seu personagem: um homem rude e egoísta que morreu por causa de um tipo de “suicídio inconsciente” onde somara as intolerâncias do dia a dia refletindo em seu corpo físico manifestando em doenças. Fora do mundo dos vivos, nos é apresentado dois extremos: primeiro, o Umbral, onde as pessoas se arrastam, sofrem, gemem e imploram por salvação; em outra, o “Nosso Lar”, um paraíso em que o personagem irá aprender lições de valores humanos que abandonara durante toda sua vida.

"Nosso Lar" é paradisíaco
O longa conta com algumas tomadas bastante interessantes, como quando mostra as vítimas do Holocausto chegando até “Nosso Lar” evocando o massacre da segunda guerra mundial; e a sala do Governador (Othon Bastos) onde há uma série de símbolos de outras religiões na parede representando a fé dos povos ao redor. Há também os conflitos daqueles que não aceitam a nova condição querendo a todo custo retornar a vida. Preceitos da crença como a reencarnação são expostos todo o tempo e elas darão sentido ao funcionamento da colônia paradisíaca. Cheio de cortes e abusando de flashbacks intercalando passado e presente, o longa pouco triunfa, soando demasiado amador em algumas cenas. A doutrina espírita e a importância de Chico Xavier mereciam um filme melhor. 


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