segunda-feira, 30 de maio de 2011

Proseando sobre... O Vencedor


Há uma consideração a ser feita antes de comentar o filme: Christian Bale está impressionantemente alucinante. “O Vencedor” é sim mais um filme de luta, mas não como esses encontrados aos montes nas locadoras cujo vazio toma conta do filme juntamente as porradas coreografadas. Aqui há quem se lembre de “Rocky” em seu melhor sentido. Exalta-se vibração e emoção. Mas essa é uma outra instância do filme. Primeiro se fala de luta, narra a história do irlandês Dicky Eklund (Bale) de Lowell no Massachusetts lá no início dos anos 90 contando sobre seus altos e baixos na carreira de boxeador e seu profundo investimento no irmão mais novo, Mickey Ward (Mark Wahlberg), orgulhando-se de que tudo que seu irmão sabe nos rings foi ele quem ensinou. A aparência do longa é documental, conhecemos um pouco sobre a dupla através da narração empolgada do personagem de Bale discorrendo sobre a luta contra um oponente poderoso, a drogadicção.

Motivação, lutas, treinamentos, músicas embalando, tudo parece remeter a filmes consagrados. O final é previsível, já o desenvolvimento impressiona e surpreende. O roteiro é escrito pelo quarteto Scott Silver, Paul Tamasy, Eric Johnson e Keith Dorrington e passa por vários gêneros ora promovendo recreação e animação outra residindo num dramalhão amargo, sofrido, exigindo de seu elenco uma transferência de sentimentos. Note Bale bem mais magro, aproximando-se de seu polêmico personagem em “O Operário”; Mark Wahlberg está contido e preciso enquanto protagonista, embora às vezes perca o foco. Já as mulheres, Melissa Leo deslumbra no papel de mãe devoradora dos irmãos Eklund, já Amy Adams, adorável como sempre, vive um tipo distante de suas tradicionais delicadas personagens.

O boxe é o bastante para segurar um filme e ainda ser indicado ao oscar? Há muito o que contar que ainda não tenhamos visto? O estilo aqui proposto difere pela abordagem e nas mãos do cineasta normalmente envolvido em comédias David O. Russell, “O Vencedor” dá importância a outros personagens, explorando essa relação familiar ruinosa cheia de irmãs sanguessugas. Nesse relacionamento, Dicky aparece diferente, e Bale é habilidoso ao demonstrar atitudes distintas em vários momentos do longa como se na maior parte deste ficasse distante e alterado. Aí se concentra talvez o maior mérito do filme, a drogadicção, sobretudo por crack, supostamente o responsável pelo fracasso de Dicky no esporte. Seu envolvimento com a droga reflete a geração atual e mostra que tal substância também está presente nos esportes, ela atinge todos e devastan igualmente.

Ilustrado sem exageros, o filme não possui tempo suficiente para desenvolver melhor a personalidade de seus personagens. Já o objetivo foi consumado. Como Mickey Ward lidou com essa situação e tornou-se um vencedor no boxe é um feito irrepreensível do roteiro. Escolhas e sacrifícios fizeram a diferença para o lutador engrandecendo-o por sua superação e redenção. O. Russell extrai o melhor de seu elenco, mescla cenas de propósito fílmico com a de um documentário fictício realizado pela HBO e acerta na condução do desenrolar narrativo jamais cadenciado, mas empolgante, nos obrigando a torcer por seus personagens. A indicação do diretor ao Oscar 2011 é uma surpresa, considerando seus trabalhos anteriores, porém, este ano foi reconhecido por fazer de uma potencial obra densa, uma história coesa, fácil e emblemática, capaz de agradar todos os públicos, discutir um tema seríssimo e divertir com as competições que seus personagens estão envolvidos tanto no esporte quanto na vida.    

2 comentários:

  1. Excelente filme, direção segura, roteiro convencional, mas sincero, e ótimas atuações de todo o elenco, destacando Bale e Leo.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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  2. muito legal o filme pelo que li.

    comenta e segue o meu;

    http://wwwgamesedownloads.blogspot.com/

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