quarta-feira, 1 de junho de 2011

Proseando sobre... Frost/Nixon



Talvez uma das maiores e agradáveis surpresas do ano de 2008, esse "Frost/Nixon" é um filme muitíssimo bem elaborado que alinha com precisão a ótima direção com um elenco afiadíssimo. O escândalo de Watergate é um dos temas discutidos no longa que foi levado ao público através de uma entrevista do ex presidente americano Richard Nixon ao jornalista David Frost. Com um roteiro formal e fechado escrito por Peter Morgan, indicado ao Oscar por "A Rainha", o filme trata as questões mais marcantes do governo da era Nixon e o que o levou a abandonar a presidência.

O longa foi baseado numa peça teatral concebida pelo próprio Morgan. Por tratar de um tema político, o filme parece ser denso e vende essa imagem. Engana-se, o filme é leve, objetivo e atraentíssimo permitindo até mesmo um humor refinado no texto. A quebra do silêncio sem censura levado num encadeamento ideal generosamente detalhado por trás dos bastidores.

Dirigido magistralmente pelo competente Ron Howard, o cenário político foi aberto num desafio verbal visto por mais de 45 milhões de espectadores quando Richard Nixon foi entrevistado e principalmente combatido por Frost. Uma surpresa para o país que aguardava com expectativas as revelações do ex-presidente sobre seu abuso de poder. O papo entre os dois parte do cortês para um duelo pessoal desafiando qualquer cuidado confessional que viria a surpreender a muitos. Michael Sheen e Frank Langella travam um embate e dão um verdadeiro show de interpretação, o primeiro está praticamente fantasiado de David Frost e encarna com empenho o jornalista com suas ambições; já Langella faz um Nixon frio e sempre calculista. O personagem sofre uma mutação por suas amarguras e se apóia sempre em Jack Brennan, vivido por Kevin Bacon.

Com um objetivo de vencer Frost e imediatamente ser reconhecido como um grande estadista pelo país, Nixon se revela uma espécie de vilão no contexto da trama. A edição sensacional da dupla Daniel P. Hanley e Mike Hill é mais um destaque do filme permitindo com que a narração caminhe tranquilamente sem se confundir nas suas pretensões. Sua simplicidade colabora para a clareza da história que pode ser conferida por qualquer público e se tornar, porque não, um filme popular. Pena a temática não ser muito convidativa para a massa blockbuster.

Ron Howard desenvolve um dos seus melhores trabalhos em "Frost/Nixon", sua exigência em manter os atores que fizeram à peça teatral foi um bônus que ajudou-o a desenvolver um belo filme. E este não é um longa machista, mas têm cara masculina devido aos seus vários personagens homens, tanto é que a mulher que mais aparece na história serve mais como um artifício estético no meio da discussão que se desenvolve. Trata-se de Caroline Cushing, a namorada de Frost vivida por Rebecca Hall. A Vicky de "Vicky Cristina Barcelona". Ainda estão no elenco Toby Jones, Oliver Platt e Sam Rockwell. Indicado ao Oscar 2009, ficou sem estatuetas. Foi um trabalho promissor que infelizmente não teve o merecido reconhecimento.



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