terça-feira, 7 de junho de 2011

Proseando sobre... Os Agentes do Destino


Passado inteiramente de forma dinâmica, esse “Os Agentes do Destino” insere o espectador num mundo de perguntas cujas respostas são preenchidas lentamente e com algumas originárias a partir de nossa compreensão de mundo. Rápido, já em seu início acompanharemos uma apresentação eficiente e empolgante sobre a trajetória de seu protagonista na política. O filme não demora para inserir seus personagens e o público num plano de difícil compreensão. Nele homens trajam sobretudos e chapéus escuros contando sobre suas interferências no destino dos humanos a mando de um tal “presidente”. Esse destino, explicado no decorrer da narrativa, é de difícil aceitação por obrigar o protagonista a abrir mão daquilo que completamente lhe basta, um amor.

A identificação do que se desenrola na história implica na crença do espectador e isso é um trunfo que o roteiro ágil de George Nolfi, baseado na premissa de um conto de Philip K. Dick, sugere. Esses seres que vagam pela cidade como homens comuns denotam um papel de guardiões interventivos, ou anjos, como questionado em um momento por David Norris (Matt Damon). Várias hipóteses podem ser discutidas sobre a função desses estranhos homens. Aí a elaboração narrativa se condensa na ótica de quem assiste ao filme. Portanto, não se frustre caso algo não fique claro, é papel de quem o repara compô-lo segundo o que acredita.

Brincando com o intermédio do acaso no destino escrito, – sim, o destino é mapeado num livro – o longa trava um duelo entre a ânsia de um homem ciente do que precisa fazer, mas incapaz de realizar devido a um encontro que deveria ser apenas para alterar o rumo de um discurso político que daria. Nesse ato entra Elise Sellas (Emily Blunt), uma bailarina promissora, responsável pela alteração repentina na vida de David, mantendo-o interessado por muito tempo. Mas essa alteração de percurso tem um custo e uma perseguição se inicia com os agentes do destino, encabeçado por Thompson (Terence Stamp), buscando minimizar os possíveis danos que o desvio de rota acarretaria.

Responsável pelo roteiro de “O Ultimato Bourne” e “Sentinela”, Nolfi realiza aqui o seu mais intrigante trabalho estando responsável também pela direção – é a sua estréia na cadeira. O cara demonstra aqui habilidade na condução de seu elenco e no desenvolvimento dos entraves sempre muito movimentados e regados à curiosidade colocando portas com a função de portais para distintos locais de Nova York. No entanto, são poucos os filmes em que os microfones aparecem com tanta freqüência como em “Os Agentes dos Destino” o que torna a experiência de certa forma amadora, mas sem comprometer seu brilho quanto a originalidade e potencial temático. Acrescentando um casal cheio de química, Blunt e Damon convencem enquanto apaixonados, o filme filosofa o destino a partir de um encontro casual e pensaremos a idéia proposta do livre arbítrio como um bem limitado, dada às circunstancias envolventes que tornam a vida pré definida. Fugir do destino ou ousar muda-lo resulta em severas conseqüências e é preciso de coragem e uma grande razão para enfrentá-las – David Norris tem uma. 

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