quinta-feira, 30 de junho de 2011

Comentando sobre... A Vida dos Peixes


Refere-se ao distanciamento, ao deslocamento, ao afastamento das origens. Refere-se a lembrança, aos elos, a saudade. “A Vida dos Peixes” é um drama romântico chileno que trata as circunstancias cotidianas da vida, bem como reflete o que temos de abrir mão para ser feliz; ou nos consolar através de uma fantasia de que algumas escolhas, de fato, são para nosso bem. No entanto, algumas coisas são inesquecíveis e irrevogáveis. No simples ato de uma festa, o desencadeamento de lembranças refaz passos e desorienta, é o que acomete Andrés (Santiago Cabrera), chileno morador de Berlim. Ele é funcionário de uma revista de turismo o que lhe mantém muito tempo fora de casa lhe impossibilitando vínculos. Sua vida passageira lhe traz prejuízos aqui e ali. Agora resiste a um vazio existencial que outrora não sentia, e percebe tal incômodo quando revê velhos amigos, uns casados, alguns almejando o posto de Andrés, ocasionando uma inversão de valores na narrativa, sempre muito bem conduzida pelo diretor Matías Bize. Soma-se a esse desalento a lembrança de um amor abandonado, Beatriz (Blanca Lewin), mas que ainda claramente lhe sufoca. E que ótimos são os momentos os quais percebe ter feito muito na vida ao consentir perguntas de umas crianças durante um jogo de vídeo-game e ao mesmo tempo nota não ter trazido nada com isso; ou quando encontra a jovem Carolina (María Gracia Omegna), menina que vira pela última vez quando esta ainda era criança, cena que abre perspectivas do tempo e suas duras ações. Como poderia este protagonista, ao seu modo, orgulhar-se de um posto que lhe torne sozinho? Essa impressão melancólica, realçada pela fotografia exuberante e luzes cintilantes, só manifestam realidades quase insuportáveis, as quais somente coragem motivaria mudar. 

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