segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Proseando sobre... À Flor da Pele



O experimento, a curiosidade e a dúvida permeiam nas cabeças de jovens na busca por satisfação. E algumas conquistas parecem para nós esquisitas, quase inexplicáveis. O protagonista Mickael (Johan Libéreau) sugere que na vida as coisas não são sempre claras. Desculpa para as razões obscuras do filme? Talvez seja. Mas há sentido. E ao falarmos da vida, falamos de pessoas, seres em transição a procura do outro. E por falar em gente, o protagonista diz: as pessoas mudam. Outra desculpa? Isso vai da cabeça de quem assistir “À Flor da Pele”, polêmico longa-metragem francês dirigido por Antony Cordier que trata um triângulo amoroso de maneira bastante intrigante.

Mickael é um jovem cuja vida dedicada ao judô lhe traz algumas exigências. Essas exigências por vezes se confrontam com os problemas financeiros de sua família. Para exemplificar, todos devem tomar banho frio por economia – e há ainda o alcoolismo do patriarca denunciado nas primeiras cenas. Sua frustração com tal realidade parece em certo ponto desaparecer quando ao lado da namorada, a insinuante Vanessa (Salomé Stévenin). Um dia Mickael conhece o filho de um homem prestes a patrocinar a equipe de judô e após algumas conversas, fica cada vez mais próximo do rapaz, abordando-o como um irmão e logo após passa a dividir suas coisas, inclusive Vanessa. Há uma interação estranha entre os jovens, e há quem suponha ou desconfie sobre a opção sexual dessa dupla que a medida que a narrativa avança mais confusa se revela.

Cordier explora relacionamentos, ora exalta a interação entre mãe e filho, ora namorado e namorada alcançando as amizades. Assusta e assombra a entrega de Mickael, seu consentimento a respeito do sexo a três, compartilhando sua namorada que experimenta sem se queixar. Planos ousados caracterizam essa experiência que se torna freqüente na vida do casal. As coisas ficam ruins quando o rapaz percebe sua namorada cada vez mais próxima de seu amigo Clément (Pierre Perrier) e quando se percebe de lado, toma atitudes severas e violentas. Amargurado e distanciado, muda seu comportamento e jeito, como sugeriu uma menção no prólogo do filme. Juntamente a essa conturbada relação, Mickael ainda tem de conviver com um regime rigoroso para atingir o peso ideal na competição, o que lhe traz prejuízos.

Obscuro e por vezes encarado como indecente, À Flor da Pele” é um romance difícil de digerir e potencialmente capaz de frustrar seu espectador com seu desenvolvimento – o que o torna diferente e passível de reflexão. O que começou como uma brincadeira, avançou e enraizou de forma atordoadora e aterradora, destruindo laços e ferindo, sempre de modo conflituoso e nunca esclarecido. Se na vida as coisas não são sempre claras como o roteiro coloca durante uma narração, o filme atinge o propósito e joga no espectador um emaranhado de sentimentos motivado pelo prazer sem tabus ou censuras, mas conduzidos pela satisfação imediata como alívio, no entanto termina frio e pouco compreendido. O destaque fica para a trilha e para Salomé Stévenin que parece uma versão da Leelee Sobieski morena.


2 comentários:

  1. Fiquei interessada em ver o filme. Parece uma trama interessante, vou colocar na minha lista. Bjs

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  2. O filme parece bom ^^
    adoro trama e confito ;)

    Seguindo aki!

    beijO;*

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