sábado, 29 de janeiro de 2011

Proseando sobre... Coração Louco

 
"...pegue seu coração louco e lhe dê mais uma chance"

 A música country embala "Coração Louco", filme que deu o Oscar a Jeff Bridges em 2010. Tendo a música como um dos elementos mais brilhantes da obra do diretor estreante Scott Cooper, com letras melancólicas e sentimentais juntamente aos acordes do violão, o longa se revela ineficiente ao tratar do principal tema que pretende: a adicção de seu protagonista. Nem mesmo o talento de Bridges salvam a precipitação do roteiro do próprio diretor propenso a inocentar o cantor Bad Blake das consequências do abuso do álcool, embora, seu maior descuido tenha sido mais um breve momento de desatenção do que por culpa das bebidas - apesar da distração se referir a mais um dos vários goles de whisky.

A dependência é exaltada com enorme insistência, exibindo Blake constantemente sobre os efeitos da bebida que o consome o afastando do estrelato, condenando uma carreira de sucesso de um homem de meia idade encontrando em seu corpo maltratado prováveis doenças que seus excessos poderiam estar lhe acometendo. Bem mais grave do que aparece na história, as soluções do homem do coração louco é mais uma deficiência do roteiro de Cooper, apressando a trajetória do vício de seu protagonista, que agora também vive numa crise financeira. Se a forma como o alcoolismo aparece é problemática, a redenção do cantor ao menos se aproxima da realidade, buscando resolver assuntos que ficaram para trás e vivendo um amor que o inspira a querer melhorar. 

Maggie Gyllenhaal aparece como uma jornalista disposta a entrevistar Bad Blake. Um pequeno tempo de perguntas acaba numa turbulência introspectiva por parte do entrevistado, obrigando-lhe a adiar as perguntas para o dia seguinte, criando entre os dois um vínculo definitivamente fortalecido pela presença do filho da jornalista, o pequeno e carismático Buddy. Blake é o coração do filme, sugestão ideal do título, trazendo um cantor o qual outrora foi um grande sucesso, esquecido e fazendo shows menores em bares com a presença de alguns poucos restantes fãs. Com o tradicional romantismo dos filmes do gênero juntamente as baladas românticas dedilhadas no violão, se aproxima de um romance lá do início dos anos 90 num filme de relativo sucesso, "Pure Country", onde o personagem Dusty Chandler, vivido pelo cantor George Strait, emplacou sucessos próprios num filme que busca no amor um novo objetivo – no caso um homem de enorme sucesso esgotado pela fama.

É interessante o caminho trilhado, não muito distante do de Blake, apesar que em "Coração Louco" a realidade se descobre bem mais cruel. As locações deslumbram nos campos usuais da temática country, abusando dos contrastes do tempo e do pôr do sol. As músicas country ainda dão mais vigor, com o próprio Bridges assumindo o vocal. Longe de ser um dos grandes filmes do ano, “Coração louco” empolga o romantismo a partir de uma história simples, mas bem narrada e interpretada. Num encontro de grupo do AA, edifica simbolizando o resultado de suas ações com as coisas que Blake já não pode mudar. Jeff Bridges está impecável e faz do filme maior do que realmente é.


Um comentário:

  1. Concordo com a critica, o filme não possui nada de mais, pouco apresenta de novo, mas é uma história bem contada, com uma ótima atuação de Jeff Bridges (mas nunca digno de Oscar), e a maravilhosa presença de Maggie Gyllenhaal. Vai um 7.0

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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