sábado, 8 de janeiro de 2011

Proseando sobre... Homem de Ferro 2


Quanta tecnologia. É tanta informação que fica difícil acompanhar. Mas ser claro em suas entrelinhas nunca foi o objetivo de "Homem de Ferro 2" não é? Herói que usa de recursos bilionários para criar uma verdadeira máquina bélica a favor do bem da humanidade. Um defensor da sociedade, um gênio poderoso que voa, possui força descomunal e dota de um arsenal particular. A soberania fala alto aqui, com um protagonista egocêntrico cujo poder financeiro faz dele um ícone incontestável. Na sua excentricidade, não abre mão de regalias. É capaz até mesmo de destruir sua mansão numa briga por conta de um desentendimento com o amigo Rhodey, também equipado com uma outra armadura concebida pelo próprio Tony Stark, o homem de ferro. "Exploda alguma coisa", pede um fã. Explosões, meus caros, não irão faltar. O luxo disputa com irreverência - o filme é divertidíssimo - com Robert Downey Jr. roubando todas as cenas, e já estigmatizado como esse grande herói da Marvel.

Vilões e Heróis
Terrence Howard sai para Don Cheadle assumir o papel de James Rhodes, outro que irá se equipar com a armadura do homem de ferro ao lado do próprio Tony Stark para enfrentar alguns tantos desafetos. Cheadle tem mais carisma que Howard, mas não demonstra qualquer empolgação em seu papel. Ao lado da dupla aparece Scarlett Johansson, ruiva, misteriosamente sensual e intelectual, e ainda boa de briga. Veste uma roupa colada e gesticula de modo convidativo. Ela dá ao filme uma personagem sexy que faltou na primeira empreitada, uma vez que Gwyneth Paltrow soa mais como um boneco de cera e desinteressante. A câmera do diretor prioriza as curvas da nova heroína. Especula-se um filme solo da moça. Stark encontra em “Homem de Ferro 2”  um grande vilão, Ivan Vanko (ou Chicote Negro). Uma versão miserável do protagonista, no entanto, motivado por uma desejosa sede de vingança pelo que Howard Stark (pai de Tony) fez com sua família. É o adversário perfeito que infelizmente o roteiro de Justin Theroux não deu devido valor. A cena em que surge no autódromo de Mônaco é de tirar o fôlego, porém inconstante, sendo rapidamente sabotada. Mickey Rourke, cada vez melhor, dá bastante força ao personagem.

O Filme
Tony Stark encontra um grande vilão. Não, não é o Chicote Negro. É seu narcisismo. Ao contrário de tantos outros heróis, não abre mão de estar sob os holofotes, desafiando autoridades, provocado furor entre fãs e fugindo das responsabilidades. O homem de ferro definitivamente não se revela o modelo perfeito de herói, pouco se importando com o que não lhe convém, o que lhe traz prejuízos. Pouco capaz de lidar com a fama, ainda responde, por pressão do governo, a necessidade de compartilhar sua descoberta para o avanço da tecnologia das forças armadas americanas. Se não bastasse, ele se vê obrigado a encontrar uma nova energia, pois o paládio em seu peito, ao mesmo tempo em que o mantém vivo, pouco a pouco está lhe matando. 

A narrativa é leviana, o roteiro é maniqueísta, mas as cenas de ação compensam tal problema. Humor não falta, abunda, e por vezes exagera - o diretor, Jon Favreau, parece querer fazer piada com tudo não perdoando nem a si mesmo. Ele é o motorista particular de Stark que promove cenas bem humoradas. Sam Rockwell é outro que promove recreação com seu escrachado personagem enquanto Samuel L. Jackson faz uma ponta com um tom mais severo a cima dos outros coadjuvantes. Sem qualquer pretensão de se tornar uma referência absoluta dentre filmes de heróis, “Homem de Ferro 2” encontra seu ponto forte em não assumir compromisso com seriedade, tornando-se uma ótima e movimentada distração. Ao final dos créditos, atenção, tem uma boa surpresa para os fãs de quadrinhos.


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