2 mil dólares em uma hora. É o que Chelsea consegue nas noites quando vai prestar favores a homens que pagam por seus serviços – e esses serviços não são somente de ordem sexual. Já em DVD, “Confissões de uma garota de programa”, novo filme de Steven Soderbergh, um jovem e promissor diretor que carrega na bagagem um Oscar por “Traffic” e mais duas indicações, traz o cotidiano de uma prostituta luxuosa de Manhattan, exibindo seu cotidiano entre homens milionários. Para discutir essa prática socialmente rejeitada, o diretor abre mão de nudez e relações sexuais concentrando-se no ímpeto de sua estrela que lida com o mundo omitindo-se e censurando-se.
Nesse ofício, ela se depara com os mais variados clientes cuja necessidade está muito além do prazer carnal a qual tão caramente pagam, mas na possibilidade de terem alguém para lhes ouvir, com desabafos financeiros, sobre a economia do país ou escândalos da bolsa de valores. A câmera do diretor renuncia o apresso e encontra um ritmo centrado nos diálogos de seus personagens, sobretudo em Chelsea, vivida pela atriz pornô Sasha Grey, esbanjando beleza, charme e empenho para os descrentes a respeito de seu potencial enquanto protagonista se calarem. Chelsea leva uma vida confortável e ainda namora um homem que aceita seu modo de vida, embora visivelmente enfrente uma profunda introspecção pessimista percebendo o capitalismo estourando em sua cabeça. Tal reflexão foi imposta pelo diretor e pela dupla de roteiristas, Brian Koppelman e David Levien, focando a representação tão valorativa do dinheiro, na sociedade de consumo, com predominância de uma classe financeiramente mais poderosa, sendo desmascarada nas horas com garotas de programa tão presentes nesse contexto e pouco notadas.
Soderbergh explora o elitismo através do contra senso, representado na lascívia de Sasha Grey, e na monstruosidade de seus clientes, em tomadas longas e cores frias, em espaços luxuosos, custosos e finos. Inexplicavelmente traduzido no Brasil, o filme originalmente chama-se “A experiência de uma namorada”, que na real, expressa bem o papel que Chelsea exerce dando aos seus clientes um companheirismo por vezes distante tendo o sexo como um alcance natural. Não deverá atingir um grande público, mas seus pouco mais de 70 minutos garantem uma reflexão bastante destemida sobre valores sociais moralizantes.
A maioria dos filmes aqui publicados eu nunca tinha ouvido falar rs Valeu pelo conhecimento dos mesmos :)
ResponderExcluir[]'s