domingo, 9 de janeiro de 2011

Proseando sobre... Enrolados



 O ano começou bem para os amantes de animações. “Enrolados” é engraçadíssimo. Iremos assistir uma versão adaptada de “Rapunzel” – sua protagonista carrega o nome – com cabelos definitivamente gigantes que assustariam qualquer cabeleireiro. Ela vive em uma torre, jamais desceu para conhecer o mundo, aprendeu a acreditar que o lado de fora é perigoso e sair daquele terreno seguro era arriscar a pele em troca de nada. Mas há uma ambição por liberdade e há algo que a motiva. Em outro contexto está Flynn, um ladrão que apavora um reino próximo a torre e que recentemente roubara a coroa real. Ele faz um tipo de Aladdin com outros interesses. Durante uma fuga, chega até essa torre e se encontra com Rapunzel. Ela lhe propõe um acordo.

Mas quem é Rapunzel? Há uma história contada em off logo na abertura do filme e não vale a pena reproduzi-la aqui. No entanto, como na maioria dos filmes da Disney, há uma bruxa má intencionada que irá transformar a vida da protagonista num inferno. Nessas intenções, nos deparamos com um dos elementos centrais que envolvem essa riquíssima narrativa: o desejo. Um desejo inalcançável para qualquer um, mas cada vez mais ambicionado: a eterna juventude. É por ela que Madame Gothel mantém Rapunzel presa pois, os cabelos dessa bela jovem traz de volta aquilo que com o tempo se perdeu. Esses cabelos não só devolvem a beleza, mas também curam. E essa maldade exposta pelo roteiro explora alguém também vítima como antagonista. Vítima da luxúria, escrava de idealizações quanto a estética. Sua verdadeira maldade talvez seja o egoísmo.

Tudo é belo nesse reino. Desde a estilização de seus personagens até o cenário bucólico que ganha ainda mais beleza quando lanternas artificiais são soltas no ar. Já aqueles que carregam características de personagens malvados, como fora em outros filmes da Disney, se convertem em agradáveis surpresas, embora ainda sejam mostrados com poucas cores e muitos exageros físicos. Há diversão em praticamente todas as cenas e não faltam outras representações importantes, como os animais – um cavalo com jeito de cachorro e um camaleão adorável. Quantos as canções, tradição em filmes da Disney, deverão resultar em indicações ao Oscar 2011. Conjuntamente existe a princesa, lindíssima e delicada, inocente e corajosa – ela é constituída através de um ideal lógico e vive momentos hilários após conquistar o que tanto cobiçara. Sua ambigüidade quanto aos sentimentos traçados pelo sucesso e frustração são divertidíssimos.

Não poderia faltar romance – e fica declarado já em seu trailer ou nos cartazes que ele deverá acontecer. Tudo ocorre de maneira orgânica, nada apressado ou forçado, e funciona... seu ato final é promissor, é relevante a narrativa, embora ocasione discussões. Durante a sessão as crianças se divertiram e os adultos gargalharam. A Disney lança no Brasil em 2011 um verdadeiro filme familiar cuja diversão é garantida, as risadas frequentemente acontecem e a emoção desperta. “Enrolados”, portanto, é uma experiência encantadora onde a tridimensionalidade nos coloca junto aos personagens. É sim um mundo de fantasia, inatingível, e se nos permitirmos fazer parte desse mundo por algum tempo teremos recompensas como um sorriso no rosto ao fim da projeção – isso é mais do que o suficiente.

Simbolismo

Aquela torre representa várias coisas para Rapunzel. Não é só o lugar de segurança da personagem, é o lugar de resguardo e recalque. Sair de lá é como sair do ventre materno, e não estranha que seu cabelo às vezes pareça um cordão umbilical. De dentro para fora, para o desconhecido, sua integração com o estranho a faz definitivamente parte do mundo enquanto sujeito. Nessa teoria, parece que a necessidade de alguém expulsa-la dali é imprescindível – este papel é do ladrão Flynn que não rouba sua segurança por opção, mas é sujeitado graças a insistência de alguém que já não suporta aquela prisão e deseja experimentar novidades e o risco. Também há uma simbologia sobre castração – o “não pode” e o “não deve” que durara 18 anos reprimindo-a cessa. São alegorias sutis, mas que muito somam ao filme. 



4 comentários:

  1. Adorei, muito engraçado! Achei interessante ainda porque, apesar da idealização dos personagens principais - característico dos filmes da disney -, me pareceu que Rapunzel está um pouco mais "humana". São detalhes e cenas bem sutis que me mostraram isso, como a manobra com uma frigideira que acaba com uma pancada na própria cabeça, ou os pés não tão delicados e até um pouco tortos... XD Enfim, pequenas imperfeições que fazem com que a personagem difira de outros como Branca de Neve ou Cinderela, totalmente perfeitas em seus atos, sentimentos e, claro, aparências.
    Fora isso, devo dizer que sou tão fã do cavalo e do grilo desse filme, quanto do gato de botas de shrek! =D

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  2. Fiquei curioso em assistir esta animação.
    abraço

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  3. queroo ver esse filme... adoreiii!!!1

    estou te seguindo... se puder me dar essa força e me seguir..

    beijokas
    niki
    http://municklameri.blogspot.com/

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  4. puta filme bom...........
    só que a dublagem do Luciano Huck é RIDÍCULA ! ! !

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