O luto no cinema é retratado de diversas formas. Relacionamentos interrompidos, seja entre pais e filhos, marido e mulher, são repetições dramáticas trágicas as quais o cinema se serve para exprimir a perda levando a reflexões da memória de passados, condições novas de existência e vinganças. Dentro desses episódios, a melancolia desponta e reside na saudade comprometendo muitas vezes a vida de quem fica sem saber lidar com a situação. Em “Direito de Amar”, filme disponível em DVD, um acidente afronta a relação de um casal homossexual, ficando o professor George Falconer sozinho sofrendo pela morte de seu amante e após meses, ainda convive com a dor e a frustração pela tragédia.
O ano é 1962 e George mantendo o segredo sobre sua homossexualidade continua dando aulas numa universidade. O homem acorda todos os dias na cama em solidão. Suas intenções muitas vezes inexplicáveis confunde o espectador que acompanha o pesar amargurado de alguém agora solitário sofrendo com o que o tempo não foi capaz de apagar. Seu destino está entregue a sua opção pelo suicídio e os momentos em que o planeja estende o sentimentalismo angustiado cena após cena, evocando seu cuidado com seu aparente fim facultativo. É uma escolha feliz do roteiro explorar essa dinâmica sensorial.
O filme dirigido e escrito por Tom Ford baseado no romance de Christopher Isherwood tem como uma de suas maiores forças a estética colaborativa não só da fotografia denotando a sensibilidade de seu tema, mas o figurino de seus ótimos personagens e a trilha sonora leve acompanhando a expedição individual de George. Ford exprime o máximo do suplício da história, centrada nesse professor, vivido com ímpeto por Colin Firth – atuação memorável que lhe rendeu uma indicação ao Oscar. Firth dá um tom grave com voz e trejeitos, significando a vida de seu tão bem elaborado personagem em pequenos gestos. Ao lado de Julianne Moore, representando bem uma mulher solteira amargurada, vive cenas dúbias sobre paixões e desejos.
A tradução brasileira é equivocada. A original “A Single Man” retrata bem o que é o filme e o que é seu protagonista. Incapaz de esquecer o que passou, se torna vítima de sua lembrança incessante, encontrando um refúgio em seu limite, o que dará um novo sentido ao longa. De natureza poética, há momentos visualmente bucólicos e silenciosos, caracterizados pela elegância narrativa simplista e real. Uma feliz retratação da saudade, da impossibilidade de viver sozinho e das conseqüências da solidão – vivencia de alguns personagens. Passado quase despercebido, é um trabalho bem realizado, encontrado em locadoras, cuja polêmica que o cerca – o homossexualismo – é apenas um detalhe das verdadeiras intenções do projeto: contemplar o ausente.
Interessante... Vou ver se tem na locadora :P
ResponderExcluir[]'s
Você falou sobre a tradução brasileira...
ResponderExcluirCara, o que há de erros estúpidos, é de ficar indignado.
Quanto a trocar o nome de filmes, não acho bom, mas às vezes é até interessante.
Mas nas traduções e legendas, a coisa tá feia.
Enfim, quanto ao filme, não assisti. Vale a indicação.
Abraço
Bom, nao posso dar uma opiniao muito forte, porque ainda nao assisti o filme, mas vou procurar assisti-lo para que assim possa falar melhor. De qualquer forma, uma coisa que vc disse que é verdade é que o Brasil tem mania de mudar legendas, o nome do filme, e sempre coloca uma dublagem tosca! Detesto isso, por isso gosto sempre de filme legendado, mas mesmo assim, ainda mudam a legenda, colocando as vezes o que nada tem a ver com a fala naquele momento.
ResponderExcluirMas faz parte da industria. Adorei o blog, amo filmes, e amei a Natalie Portman ali na apresentaçao!!
Sucesso com o blog!
bjos