Muito se falou quando uma das mentes mais criativas do cinema, Tim Burton, resolveu fazer uma adaptação da obra escrita por Lewis Carroll, “Alice no País das Maravilhas”. As expectativas transcenderam os fãs do diretor e da própria animação, com curiosos acompanhando diariamente notícias e imagens virais sombrias – modelo característico de seu tão bem sucedido realizador. Atrativos extras ficaram por parte do elenco, encabeçado pelo adorado Johnny Depp em mais uma parceria com Burton, juntamente as encantadoras Helena Bonham Carter e Anne Hathaway, entre outros distorcidos por maquiagem ou que apenas emprestaram suas vozes aos personagens. Casos de Michael Sheen e Alan Rickman.
A história de Alice, como a conhecemos a partir de seu conto original não é a mesma aqui. Burton adaptou concebendo uma nova versão onde Alice faz uma segunda viagem ao país das maravilhas, com 19 anos, logo após um pedido de casamento. É o ato que provoca dúvidas sobre o futuro da jovem que imediatamente, desorientada com a proposta, sai à deriva e encontra um tal coelho branco. A história do conto é retomada, renovada, com a personagem Alice (vivida pela até então desconhecida atriz australiana Mia Wasikowska) indo parar nesse mundo estranho de fantasia, com o cenário distintivo de Tim Burton: representações estranhas, bizarras, coloridas e de aparências discutíveis. O design de produção investe em cores quentes, arrojadas aos vários bem trabalhados personagens. Estão lá os Tweedles, o coelho, a lagarta, a rainha vermelha, o gato e o chapeleiro maluco.
Robert Stromberg assina o projeto e funde o que há de melhor nesse novo trabalho do diretor: o visual. Já o roteiro, escrito por Linda Woolverton (que roteirizou “O Rei Leão”), não acompanha o bom desempenho técnico da estética de “Alice” tornando o filme tão apressado quanto o coelho e amontoando cenas nada empolgantes. As resoluções são óbvias e caricatas, limitando a criatividade da adaptação. Vítima disso estão alguns personagens que ficam mais tempo em cena do que mereciam. O engraçado Chapeleiro Maluco é reforçado pela desenvoltura magistral de Deep, que igualmente a outros, parecem ter se tornado recrutas na jornada de Alice, infantilizando a história outrora mais complexa. Compensando isso, a protagonista se depara com situações interessantíssimas e divertidas, mas pouco desenvolvidas. Os personagens a sua volta compõem um universo deslumbrante que incita a protagonista a acreditar que aquilo é realidade – que de fato é – mas convive na descrença de tudo na verdade fazer parte de um sonho. Crença que explica seus desafios onde crê piamente que nada ali pode lhe fazer mal.
O sucesso que fascina da obra se dá à curiosidade discretamente oferecida e com o elenco afiado. Hathaway faz da rainha branca uma tradicional princesa da Disney, doce e delicada; já Bonham Carter (a esposa do diretor), recria a rainha vermelha transformando-a na melhor personagem da história, com uma imensa cabeça, composta de atitudes tiranas e ordenando que “cortem a cabeça” de suas oposições, combinando sua tradicional malvadeza com muito bom humor. Wasikowska constitui uma Alice segura, porém pouco carismática – irregularmente metódica – ficando menor quando ao lado de criaturas fantásticas como o Gato Cheshire e seu sorriso enigmático. “Alice no País das Maravilhas” é uma obra fascinante no ponto de vista visual, mas que decepciona ao se tornar um produto comum e pouco inventivo, com uma estrutura a qual, dizem as más línguas, foram padrões obrigatórios de seus produtores, prováveis responsáveis pela privação da genialidade de seu grande diretor.
Muitas pessoas não gostaram de "Alice" de Tim Burton porque esperavam talvez encontrar a mesma história do desenho da Disney. Gostei muito dessa nova adaptação e do maravilhoso visual.
ResponderExcluirTo te seguindo, se puder visite os meus
http://acervodocinema.blogspot.com
http://memoriadasetimaarte.blogspot.com
Também gosto. Não está entre os melhores do Burton, mas é divertido e tem um visual hipnotizante.
ResponderExcluirhttp://cinelupinha.blogspot.com/