sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Proseando sobre... Não por Acaso



Sem intenções diretas de criticar a condição atual do trânsito de São Paulo, o filme “Não por acaso” de Philippe Barcinski, disponível em DVD, absorve da correria da Paulicéia para retratar uma tragédia amorosa. Nessa aglomeração caótica, a vida de algumas pessoas de cruzam após um acidente. Dê um lado, a ordem representada por Ênio, personagem de Leonardo Medeiros, um engenheiro que controla o fluxo dos carros nas ruas da cidade. Ênio vê sua vida, igualmente metódica tão quanto seu trabalho, sofrer sérias mudanças após perder a mulher que adorava e perceber a aproximação da filha enlutada. De outro, Pedro (Rodrigo Santoro) tocando em frente uma marcenaria deixada pelo pai cuja especialidade é a confecção de mesas de sinuca.

Com um talento impressionante para o jogo, o jovem vive confortavelmente com tal ocupação, fazendo sucesso em campeonatos, e garantindo um futuro ao lado de Teresa (Branca Messina). Seus ideais são postos em prática em seus treinamentos, com tacadas repetidas e minuciosas, dispostas unicamente a dar conta do jogo através de caminhos já trilhados vencendo o quanto mais breve possível. O tempo, nas duas situações, parecem preciosismos essenciais para o sucesso, sendo qualquer atraso fatal. E é justamente do tempo a responsabilidade pelos acontecimentos de “Não por acaso”. Catástrofes familiares nas imprevisões do destino dão o tom penoso dessa brilhante e cronológica história. 

Santoro retorna ao cinema nacional com um dramalhão sofrido e cheio de verdades, atuando junto a um elenco de peso que conta ainda com Letícia Sabatella e Cássia Kiss. Nessas vidas atropeladas pelas horas diárias, a ordenação parece sucumbir ao caos fortalecendo a lição de que algumas coisas são simplesmente incontroláveis. O controle, aliás, é o que movimenta o filme trazendo reflexões a respeito do que pode se suceder em segundos, do que um atraso acarretaria ou a pressa resultaria. Daí a importância do tempo, já mencionado no parágrafo anterior. Parece que estamos todos conectados e nossas ações alteram naturalmente o ciclo dos acontecimentos. “Não por Acaso” deixa questões sem explicações no ar provocando a dúvida da possibilidade, jamais resolvida por nós. O diretor Philippe Barcinski dita um ritmo e nos emociona no final. Deve e merece ser visto. 


2 comentários:

  1. Esse filme é de 2010/2011? Não tinha ouvido falar não...De qualquer forma, eu acho importante que o cinema nacional esteja crescendo como está esse ano e abrangendo novos assuntos...
    Parbéns pelo blog!


    http://nexosereflexos.blogspot.com/

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  2. Olá!
    Muito bom o seu blog...Estava sentindo falta de um blog assim! (: Vou te seguir e ficar passando por aqui, depois, passa no meu também..espero que goste. (:

    ;*

    www.projetandorascunhos.blogspot.com

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