sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Proseando sobre... E Deus Criou a Mulher



A sensualidade domina e se exalta despertando certeiramente o desejo. “E Deus Criou a Mulher” traz um título o qual após assistirmos o filme duvidaríamos das intenções de Deus ao criar este ser tentador, tão bem representado pela estrela Brigitte Bardot que no filme vive Juliete Hardy, uma loura órfã que atrai os olhares de admiração dos homens da região e a reprovação da maior parte das mulheres. A atenção é voltada para ela que, ciente de sua beleza e sedução, nunca deixa de se exibir e atiçar todos em sua volta, encontrando desafios em seu percurso rebelde cuja libertinagem lhe traz prejuízos afastando um amor que nega por orgulho, no entanto prova ser incapaz de não ceder. O espectador tem a missão de resistir aos encantos de Brigitte Bardot que aqui concebe seu primeiro grande trabalho.

Passado nos anos 50, o filme que deveria ser um sucesso francês tornou-se um sucesso em Hollywood. Bardot, no entanto, vista como uma potencial musa, não se encontrou nos EUA por sua beleza européia não condizer aos ideais das musas americanas como Marilyn Monroe e Rita Hayworth. Seus filmes também não se tornaram sucessos comerciais absolutos, sua fama se reduziu a sua beleza e seu nome ecoado pelos milhares de corações conquistados em sua época. Em E Deus Criou a Mulher”, três são os alvos da moça: Eric Carradine (Curd Jürgens), um rico proprietário de terras locais; Michel Tardieu (Jean-Louis Trintignant), um jovem que a pede em casamento; e Antoine Tardieu (Georges Poujouly), irmão mais velho de Michel, o único por qual Juliete não resiste. Esse triângulo envolverá todo o filme.

Críticos da sensualidade no cinema como atributos atrativos frente a precárias histórias encontram aqui um exemplar. Mas é discutível. A essência do longa traduz de modo desvairado a mulher, como ela quer ser amada e desejada. Nessa busca de expressar sentimentos femininos, o diretor e roteirista Roger Vadim procura ao máximo salientar através de Juliete a carência de alguém que apesar da beleza jovial conquistadora ainda é incapaz de ser feliz ao não alcançar seus desejos. No filme ninguém os alcança verdadeiramente restando a frustração aos bem conduzidos personagens. E Vadim, cara que já foi casado com a própria Brigitte Bardot além de Catherine Deneuve e Jane Fonda, não se limita em explorar o universo feminino, seja quando investe nas atitudes por vezes impulsivas de sua protagonista, às vezes incompreensíveis, ou quando revela a atriz em si quando nua ou em poses disposta a chamar a atenção.

A cena inicial é um cartão de visitas: Bardot está nua por trás de um lençol branco o qual o espectador poderá conhecer suas curvas enquanto o personagem de Jürgens se perde oferecendo o mundo para a loira. Recheado de extravagâncias e referências sexuais – não é preciso dizer que a igreja condenou o filme – “E Deus Criou a Mulher” é um estudo da mulher, ou na pior das hipóteses, uma especulação de sua sexualidade e de sua busca por admiração. Nesse profundo investimento sobre si ocasionando desafetos, sua histeria fundamentada no desejo parece evidente e bem ressaltada no filme, este que não ficará na mente do público e não deverá ser encontrado nas listas de melhores filmes de alguém, mas é um registro preciso da década de 50 sobre a mulher e sua independência – sua imposição. De caráter sexual, o filme acaba falando de gente a procura de felicidade e centra em Juliete na sua fantasia pensando que daquela forma é feliz.  


Um comentário:

  1. Bardot linda como nunca neste filme!
    Realmente é a busca pelo retrato feminino (década de 50)... Apesar de soar impreciso, é bem interessante.
    Boa lembrança a sua!

    ;D

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