Um futuro apocalíptico se materializa em "A Estrada", novo filme do diretor australiano John Hillcoat, que conta a jornada de um homem e seu filho numa sobrevida, famintos e com o frio castigando em busca de esperança num planeta destruído, cinza, cujo futuro está condenado. Os poucos sobreviventes vagam atrás de alimento e de água, enfrentando uns aos outros, entre aqueles que ainda preservam morais humanas e outros entregues às condutas primitivas, alguns praticando ferozmente o canibalismo. Com Viggo Mortensen como protagonista - um dos grandes papéis de sua carreira - o filme se revela um ensaio do fim dos tempos supondo situações as quais o homem enfrentaria.
Os personagens não têm nome, identificados como o homem, a mulher e a criança, não ficando muito longe da proposta do Saramago em seu “Ensaio sobre a cegueira”. Viggo vive o homem, aquele que mantém esperança nessa terra caótica, caminhando sofridamente com seu filho em direção ao mar, prevendo suas possibilidades de sobrevivência. Em contrapartida a esposa, que preferiu a morte a sofrer, a dupla seguirá resistindo idealizando uma saída. E o que é a vida senão uma luta contínua diária para viver. Nesse contexto de ameaças, o longa recordará “O livro de Eli”, porém, num plano filosófico sibilante sobre sobrevivência.
John Hillcoat celebra o caos através da caracterização de uma visão apocalíptica nesse lugar em que a morte soa bem mais atraente que a resistência intolerante. O percurso aproveita a destruição para discutir a relação entre pai e filho, unidos por um ideal, maltratados, e evidenciando a força desse homem em manter-se em pé por seu filho, mesmo encarando a realidade posteriormente ameaçando selar suas vidas temendo um final pior. Essa construção do roteiro de Joe Penhall que adapta o romance escrito por Cormac McCarthy, nota o fortalecimento da crença de um recomeço em algum lugar, encarando essa jornada rumo à esperança num litoral, cada vez mais distante e subitamente aparentemente inacessível.
Me motivou a assisti-lo!
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