Apesar da ideia pouco usual, dirigida e escrita pelo cineasta Jean-Claude Brisseau, o francês “Anjos Exterminadores”, disponível em DVD em algumas locadoras, não vinga, não empolga, se revela frívolo e demasiado erótico. Não se esconde que seja um longa metragem de natureza sexual, – julga-se pelo cartaz – com tom pornô siiiiiim, e cara de cinema, uma vez envolvendo uma produção mais requintada.
Tal erotismo não é exatamente um alvo de críticas, nem deveria, quando se desejava contar uma história sobre os prazeres da carne. O problema é se perder nesse meio, com o aparente prazer do próprio diretor tomando o espaço da narrativa pretendida, exibindo além da arte e formas corporais, sexo entre mulheres, transformando o espectador em voyeurs de sua perversão. Ou de seu exibicionismo cinematográfico propenso a agradar aqueles cujos hormônios estão em êxtase. Não descordo que talvez isso seja exagero.
O longa conta a história de um cineasta, François, (van den Driessche) que, ao filmar uma cena libidinosíssima entre suas protagonistas, percebe que o excesso pode funcionar. É testando limites que o protagonista se defronta com anjos caídos, os anjos exterminadores, buscando censurar a revelação amoral que despertara. Brisseau não excede sua narrativa com closes genitais, no entanto, não abre mão de explorar corpos nus e comportamentos sexuais. A inversão de papéis é o maior proveito em meio a esse desperdício, com François sendo ainda uma representação paterna dissipada.
O elenco se entrega e ninguém se destaca, tendo Frédéric van den Driessche perdendo o ritmo de seu personagem condensado e detido. A extravagância só não é mais abusada pela censura neste pequeno filme sobre sexo desmistificando a linha que divide o gratuito e o chamado artístico. Para quem gosta do primeiro, encontrará em “Anjos Exterminadores” um feroz exemplo de sacanagem com algum sentido. Jean-Claude Brisseau pode se orgulhar: fez mais uma de suas filmagens sexuais, mas considerar um grande filme sobre o assunto, seria encarecê-lo demais.
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