sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Proseando sobre... Pânico na Neve


O medo frente à possibilidade do fim. Esse é o assunto discutido no pequeno “Pânico na Neve”, filme do diretor e roteirista Adam Green, um cara que vem se destacando nos últimos anos dentro do gênero terror. São dele os filmes “Circulo do Pânico” e “Terror no Pântano”. Este segundo irá ganhar uma continuação. Seu novo trabalho lhe rendeu reconhecimentos, mas teve pouca visibilidade no Brasil. A história conta sobre uma viagem entre três amigos que decidiram passar alguns dias numa estação de esqui e, após um dia cheio, escolheram dar um último passeio pelo teleférico e não demorou muito para se flagrarem esquecidos nas montanhas, no escuro, tremendo de frio, num sofrimento de uma noite de inverno rigoroso e prolongado.

A tensão movimenta o filme com o quebra gelo de diálogos amenos e relativamente bem desenvolvidos aproximando o espectador das características dos amigos: Joe Lynch (Shawn Ashmore, o homem de gelo de “X-Men”) e Dan Walker (Kevin Zegers da franquia “Bud”) e sua namorada Parker O'Neil (Emma Bell). O diretor explora o horror circunstancial de seus personagens obrigados a arriscarem de tudo para escapar daquilo que seria um fim inevitável e doloroso. As adversidades são tremendas: se não bastasse o frio torturante e as feias queimaduras do gelo, ainda convivem com a fome e com uma alcatéia faminta os rodeando.

A apreensão disseminada alcança os espectadores, culminando numa experiência cinematográfica breve e perturbadora. O medo recorrente estoura e aprisiona o trio nesse contexto abrindo espaço para a reflexão existencial urgencial a qual estão envolvidos, e não obstantes, o convívio transforma-se num gradual desespero e ruína. Green consegue ser feliz em sua proposta de entretenimento sádico e apresenta o passo a passo dessa aventura caótica, com cenas imanentes, centradas a maior parte do tempo num só lugar. O heroísmo pretendido é fragmentado colocando a amizade à prova, sugerindo ao público, que anseia por um feliz final uma idealização terminal a todo aquele sofrimento. Quase conseguimos sentir toda aquela dor; já o medo, afastando-se de vez de qualquer esperança, persiste até o final aparentemente irremissível.


Nenhum comentário:

Postar um comentário