quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Proseando sobre... O Último Exorcismo


O Último Exorcismo” bebe da fonte de outros filmes do gênero, especialmente “O Exorcista” de 1973. Não se esconde a semelhança, sendo uma espécie de homenagem carregando atributos atraentíssimos para quem gosta de terror. E quando cartazes enfeitaram os cinemas em todo o país, muitos já se ligaram que a coisa devia ser feia. A perspectiva objetivada de um filme como esse é basicamente assustar, e pensar que o longa se destacou nas bilheterias é outro ponto positivo selando definitivamente o convite: é hora de irmos ver um filme de horror nos cinemas.

Pastor descrente se depara com uma força diferente
Dirigido por Daniel Stamm e escrito pela dupla desconhecida Huck Botko e Andrew Gurland, o filme ganha status documental a partir de uma câmera em punho, aproximando de horrores atuais como o elogiado espanhol “Rec”. A história inicia e se prolonga com o reverendo Cotton Marcus (Patrick Fabian) em um de seus exorcismos. Declarado descrente quanto à possibilidade de demônios tomarem corpos, o religioso, adorado por uma comunidade, parte para aquele que seria seu último exorcismo, determinado a provar a farsa quando recebe uma carta de socorro para salvar uma menina, Nell Sweetzer (Ashley Bell). O pastor aposta na artificialidade de equipamentos reforçadores da expulsão demoníaca gerando a sensação de paz e amparo aqueles atormentados, seja lá por quais razões, de seus surtos pouco compreendidos.

"O último Exorcismo" soa documental
Cotton narra essa caminhada rumo a uma pequena cidade no interior junto a uma equipe acompanhando a picaretagem de seus feitos. A câmera registra todos os seus atos e não economiza em closes e em materiais que produções de documentários necessitam. Quando se deparam com um jovem atirando pedras em sua caminhonete, a equipe toma um susto acompanhado do público imediatamente associando um provável início de tensão sobre os olhares desconfiados de personagens cheio de crenças e superstições. É um prólogo do horror denunciado cujas pretensões, já exploradas em trailers virais, não surtem tanto efeito. Resta a expectativa e ela consome todo o filme.

A temática exorcista se mistura a um amontoado de situações. Questões como o incesto sugestiona hipóteses resultando em discussão sobre a saúde mental. Representações assombrosas equivalem à dúvida de caráter patológico e religioso, deixando o terror esperado de lado para emergir em alguns pouquíssimos momentos. O Último Exorcismo” decepciona enquanto promessa de reler narrativas demoníacas, transformando-se num exemplar moderno de distração não muito diferente dos aflitos “Contatos de 4º Grau” e “Atividade Paranormal”. O artifício documental promove possibilidades da fita ser real, e embora frustre diante as aspirações de seu público, é suficientemente corajosa em garantir um desfecho autêntico, o que não quer dizer agradável, mas certeiro e incômodo quando lembra da possibilidade de ser verdadeiro.


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