O retorno de Mel Gibson ao protagonismo prova que seu talento enquanto ator, ao longo desses vários anos fora das telonas, não se perdeu. Seu papel neste “O Fim da Escuridão” é um convite ao estilo que mais seduz Gibson, a vingança.
E se em muitos de seus trabalhos anteriores este ato se revela um extravasamento de seu deleite – somando ainda cenas de violência chocantes – nesta sua nova empreitada, realizada pelo veterano neozelandês Martin Campbell, – responsável por dois filmes do 007 (“Contra GoldenEye” e “Cassino Royale”) – o ator pode arcar com cenas cruas de violência sem muitas inibições e lágrimas. O espaço para lamentações de um longa com potencial dramático encurta sentimentalismo para propor uma ação instável, enigmática, partindo de um contexto que envolve mistérios de uma corporação relacionada a altos cargos políticos no governo norte americano.
Bojana Novakovic vive a filha de Gibson |
Gibson quer vingança |
Em meio a um emaranhado de dúvidas, suas soluções arrematam uma crítica justa à política e seus vícios de poder. A direção artística assombra logo no início com a imagem da lua refletida na água iluminando corpos boiando à deriva. O filme não deixa de buscar inspirações metafísicas, com Mel Gibson interagindo com o espírito da filha em vários momentos do longa, tendo seu ápice no ato em que um corredor se transforma numa passagem para o paraíso, parecidíssimo a cena final do ótimo “Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto”. Arrebatador e assustador, este “O fim da escuridão” não apela para o absurdo, mas levanta hipóteses questionáveis sobre sanidade e espiritismo, com Mel Gibson em forma voltando estar a frente de um projeto desempenhando um grande papel como há muito não fazia.
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