segunda-feira, 21 de março de 2011

Proseando sobre... Queime Depois de Ler



Filme absurdo, implausível, cheio de personagens que criam situações ilógicas e que ficam ainda mais insanas à medida que a história avança. Esse é “Queime depois de ler”, filme cujo time de atores contribui com a eloqüência de sua narração, um enlouquecimento coletivo cheio de manias e particularidades artísticas severamente detalhadas. Tudo isso que vemos em cena é o que os irmãos Ethan e Joel Coen fazem melhor: humor negro. Esse exemplar de sua filmografia é sem dúvidas uma das melhores comédias de 2008.

Compreender o que se passa na cabeça de seus personagens é perder tempo, a idéia é exprimir o inimaginável de cada um. Nosso papel enquanto espectador contracena com o personagem do ótimo J.K. Simmons, um dos chefes da CIA que observa tudo sem compreender a série de acontecimentos que está estranhamento acontecendo. Suas caretas indicando não entender as atitudes dos caras que está perseguindo são impagáveis. Um humor de natureza duvidosa, – não é para todos os públicos – é para se apreciar sem levar a sério. Seus diálogos são certeiros e magistralmente bem escritos centrando nos julgamentos pessoais de cada um dos personagens, destaque para o engraçadíssimo Chad Feldheimer (Brad Pitt, roubando a cena) e também para o paranóico Harry Pfarrer (George Clooney).

O roteiro assinado pelos irmãos é mesmo dotado desse humor escrachado, algo já visto em uma de suas obras anteriores, o ótimo “Fargo – uma comédia de erros”. A maior herança desse filme, fora o tradicional humor dos Coen, é a presença de Frances McDormand que naquela ocasião ainda levantara a estatueta do Oscar imortalizando seu nome como também “Fargo”. Já em “Queime depois de ler”, faz um papel controverso, porém importantíssimo, mas não tão inspirado como o outro que lhe rendeu o prêmio. Com um desempenho satisfatório de todo o elenco, é preciso ainda frisar John Malkovich, o mais instável dos personagens, talvez o mais esquisito entre todos eles. Seu Osbourne Cox poderia se tornar um ícone cult. Ainda estão no filme Richard Jenkins, Tilda Swinton e David Rasche.

Após estourarem no Oscar 2008 com o ótimo “Onde os fracos não têm vez”, os irmãos Coen revisitaram um gênero particular. Os caras se revelam cada vez melhores por trás das câmeras. São arrogantes, no entanto a inquestionável competência da dupla compensa. Esse é o jeitão particular dos diretores que começaram desde criança a trabalhar com filmagens. São risadas garantidas, desde que se aceite encarar um humor diferente onde seus detalhes demandam atenção. Comédias bem elaboradas quanto essa não aparecem todo dia, flutuam sobre as pastelões ganhando o destaque mais por sua inteligência do que por seu esforço em fazer sorrir. Isso é mérito daqueles que manjam como poucos trabalhar com um gênero tão cauto. 


2 comentários:

  1. Nunca consegui assistir esse filme inteiro, sempre assisto um pedacinho de cada cena, desisti.

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  2. Mais uma ótima comédia advinda das competentes mãos dos irmãos Coen. Um filme delicioso.

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