segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Proseando sobre... Porta Vizinha



 Não é um duelo de sedução, é um complemento perverso de duas mulheres que tentam e inibem. Estamos diante um filme cujo sexo converte-se em violência, transforma-se em sadismo selvagem com crueza. Mas isso é um marco de uma só cena, o bastante para tornar “Porta Vizinha”, filme norueguês exibido na 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, numa experiência sórdida e obscena. Para isso, o diretor Pål Sletaune, escala em seu terceiro longa metragem 3 atores centrais: Kristoffer Joner vivendo John, homem que está passando pelo fim de um namoro; Cecilie A. Mosli encarnando Anne, perturbadora; e por fim, Julia Schacht na pele de Kim, de traço inocente flertando. Os 3 irão viver uma relação sexual dentro de um apartamento de maneira despudorada e inquietante.  

O filme abre com John e Ingrid (Anna Bache-Wiig) discutindo sua relação quando a garota vai até o apartamento do rapaz buscar suas coisas. É o indício da crise que iremos acompanhar através de John, descontente, impulsivo em sua propriedade psicótica. Mas esse é um outro assunto. No elevador, conhece Anne, mulher atraente que o convida a ir até seu apartamento ajudar com alguns móveis pesados. Sua vizinha, até então desconhecida, lhe apresenta sua companheira de quarto, Kim, e as duas começam a discursar sobre o fim do namoro do rapaz, colocando-o contra a parede com detalhes particulares os quais as minúncias faz John supor que as garotas o ouvem através das paredes e, em fuga, inicia uma investigação angustiada atrás de possibilidades, no entanto, alguma coisa parece muito estranha – o clima no filme e a ótima fotografia reforça a sensação – e John retorna ao apartamento das vizinhas.

Pål Sletaune tem uma direção correta nesse filme claustro e labiríntico – notem que os personagens estão sempre entre quatro paredes e por vezes adentram portas que dão para corredores enormes e cheios de caminhos. A pouca luz obscurece e cria sombras que dão impressão de se tratar de um filme de fantasmas, ou de alucinações. As personagens mulheres são dúbias: Anne se revela bem trajada e arrumada enquanto Kim surge com os cabelos despenteados e com aparência enferma.  Não há clareza sobre os argumentos. A narrativa incide num clímax arrastado, e transmite com seriedade um mistério cada vez mais turvo provocando deduções sobre o que na verdade está acontecendo. Sua curta duração – apenas 76 minutos – revela-se um ponto fraco ao não desenvolver melhor sua trama, radicada ainda em seu instante inicial ganhando novas formas e outros significados. 


5 comentários:

  1. Adoro cinema e esse blog vai me ajudar muito. quanto a postagem, bem ainda n assisti mas levando em consideração a critica acho q é bem tenso.

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  2. Parece ser bem interessante, ainda que tenha as suas falhas. Tratar de maneira mais sádica e crua as relações humanas - seja com o sexo, com a vilência - é algo que pode render ótimos resultados se bem entrelaçado e conduzido na trama...

    Gostei do seu blog!

    Seguindo!

    Sucesso!

    ;D

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  3. Adorei a sinopse, parece um filme envolvente e angustiante. Adoro situações estranhas e climas não muito comuns. Vou assistir, vlw dica ;)

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  4. Adoro cinema, adorei a sinopse, o filme parece boum, vou procurar baixar s possivel e assistir *-*otimo bloog.

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  5. Marcelo, eu assisti Porta Vizinha. Achei meio Amélie, pelo fato de ser um pouco anti-sequencial, e achei parecido com Vanilla Sky quanto ao "sem pé nem cabeça" que prende o espectador.

    Eu gostei, bastante! Agora que li sua crítica, vou assistir novamente.

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