quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Proseando sobre... Piranha 3D


 É um dia normal no lago Victoria. Um homem está pescando tranquilamente e bebendo cerveja. Um peixe fisga e briga com o pescador que consegue retira-lo da água sem muitos esforços. Não é uma piranha. Mas há algo errado. Um tremor, a água inquieta e uma vertigem se apoderando do homem e seu barco. No fundo, uma fenda enorme revela um cardume gigantesco de piranhas e o pobre pescador será a primeira vítima. Tem início “Piranha 3D”, um legítimo horror trash sem economias de sangue e mulheres completamente nuas. Eis uma refilmagem cujo original é de 78; o novo se apossa completamente da tridimensionalidade tornando-se um exemplar primoroso da tecnologia 3D. O exagero é um mero detalhe.

Em volta do lago milhares de turistas anualmente se encontram a procura de diversão. Músicas, drogas e sexo são alguns dos atrativos. Há ainda um barco levando duas atrizes pornôs lésbicas que irão filmar algumas cenas nadando. Não irá faltar sensualidade e closes nada tímidos. Já a história, pouco convincente, traz um jovem que deixou seus irmãozinhos mais novos em casa para participar da produção da filmagem e, quando os ataques iniciam, percebe-se preso dentro de um barco junto com um diretor espalhafatoso vivido por Jerry O'Connell e garotas alcoolizadas. Enquanto isso, sua mãe, uma xerife de impulso, está tentando esvaziar o rio contra a vontade dos jovens em anarquia.

A história não foi feita para se levar a sério. E nem se deve. Na proposta de divertir, o longa se garante e provoca risadas e nojo com tanto sangue e cenas de mutilações bem realizadas. Há uma verdadeira sequência que extrapola o absurdo, recordando clássicos filmes de horror como “Tubarão” e “Navio Fantasma”. Já as mulheres, sujeitas à admiração para os homens, são objetos da câmera do diretor Alexandre Aja que concentra algumas tomadas em nudez, blusas molhadas, decotes e beijos calorosos em corpos banhado de álcool. A libido dos apreciadores será estimulada. O aparato 3D é o que mais se destaca com algumas cenas no fundo do lago impressionando. É provavelmente o melhor que o filme exibe em seus 90 minutos.

Alexandre Aja não só dirige como escreve o roteiro e inicia o que provavelmente se tornará uma nova franquia para o cinema. No projeto estão caras conhecidas como o parceiro de Tarantino, Eli Roth, além de Elisabeth Shue e Christopher Lloyd. O elenco entra bem na brincadeira e acrescentam ao dinamismo narrativo. Aja extrapola, a história é desproposita e muitas vezes nem faz sentido, no entanto, seu teor cômico, brindado com humor negro despretensioso, faz do longa uma experiência divertida reconhecida pelos próprios realizadores como uma gigantesca bobagem – e isso faz o filme valer o ingresso. “Piranha” é mais do que uma refilmagem, é um delírio picaresco e encarado como de mal gosto. Trata-se de um ótimo filme ruim e isso é ser sincero ao não travestir a história. O deboche é seu mérito.

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