terça-feira, 24 de maio de 2011

Proseando sobre... Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas


Recolher âncora!!! “Piratas do Caribe” está de volta 4 anos depois do último filme. O produtor Jerry Bruckheimer decidiu trazer os piratas para a tridimensionalidade. Os fãs extasiados esperaram para conferir as novas peripécias de Jack Sparrow e poderão mais do que nunca acompanha-las, uma vez que, aqui, definitivamente, Sparrow é o centro das atenções. Orlando Bloom que vivera Will Turner e Keira Knightley que encarnou a bela Elizabeth Swann saíram do barco juntamente ao diretor Gore Verbinski. A diferença com essas ausências é tristemente notável. Restou Sparrow e ele continua sendo um canalha, aquele canalha que conquistou multidões. O filme é seu, e isso não garante que “Navegando em Águas Misteriosas” seja um grande trabalho.

Enriquecido pelo design de produção e pelas exuberantes locações tropicais (boa parte das filmagens aconteceram nas ilhas Kauai, Oahu, Porto Rico, Palominito e na Grã-Bretanha), essa quarta parte ilustra seus artefatos com uma ótica preocupada com a estética – é visível a tentativa do diretor em buscar realçar a beleza de seu projeto, constantemente focando mesmos ângulos. Quase o ouvimos dizer: “viu? Você observou isso?”. Algo que, inevitavelmente, se distancia de uma história cheia de personagens em potencial de torná-la interessante, grandiosa e épica.

Nessa história que se inicia na Espanha quando alguns homens descobrem o aparecimento de Ponce de Leon e da real existência da Fonte da Juventude, uma caçada até esse tesouro começa. Entrarão nessa os exploradores espanhóis, os ingleses liderados pelo Capitão Barbossa (Geoffrey Rush) e o pirata Barba Negra (Ian McShane) a bordo do barco “Vingança da Rainha Ana”. Os interesses, até certo ponto, parecem ser mesmo a fonte da juventude. Mas ao longo da narrativa iremos identificar o que cada um realmente deseja. Durante o percurso proposto no longa, presenças ilustres são notadas como a de Richard Griffiths vivendo o Rei George II, Judi Dench numa ponta cômica e Keith Richards, a inspiração de Depp para Sparrow, encarnando novamente seu pai, o Capitão Teague. 

Nesta busca pela Fonte da Juventude não faltarão grandes entraves e tentações pelo caminho. Os zumbis anunciados no trailer pouco acrescentam à trama ao surgirem como servidores do Barba Negra. Este se revela o vilão nessa quarta parte. Mas também há a beleza das sereias que emergem graças a luz e ao canto. Suas aparições, aguardada pelos marujos tementes, não demora a acontecer. A primeira que se manifesta é vivida pela famosa modelo Gemma Ward; outra que surge e permanecerá em cena ganha as curvas da atriz espanhola Astrid Berges-Frisbey. Aqui ela vive a sereia Syrena e quase assume a função que anteriormente era de Knightley. Esta seqüência não ignora o romantismo.

Syrena é encontrada pelo missionário Philip (Sam Claflin) que praticamente prega a palavra de Deus durante toda a projeção. Encantado pela beleza da moça e arrependido por ser responsável por sua captura, o jovem viverá um tipo de Will Turner visando libertar a sereia, detentora do ingrediente principal para a proposta da Fonte da Juventude funcionar. A dupla possui pouco tempo em cena e sofre para tornar seus personagens relevantes. Mas não são somente eles que brindarão ao amor nessa quarta parte. Angélica (Penélope Cruz), que vive entre tapas e beijos com Sparrow, fortalecerá a concepção de um subgênero, a comédia romântica, ao melhor estilo “Sr. e Sra. Smith”. Cruz é adorável e dificilmente soa como ameaça.

O roteiro é novamente da dupla Ted Elliott e Terry Rossio, os mesmos responsáveis pela trilogia, agora os caras estão incumbidos de dar um novo rumo a franquia que deverá ganhar mais dois filmes. A narrativa desenrolada nessa sequência é baseada na história de Tim Powers. Porém, essa quarta parte, sofre do mesmo problema de “No Fim do Mundo” com seu confuso desenvolvimento. Aqui é ainda pior, nem tudo é tão atrativo e vários de seus acontecimentos soam banais. As artimanhas dos personagens são inverossímeis, todos parecem perdidos em suas funções. E o que dizer da história sobre um homem sem uma perna fazer parte do destino final de Barba Negra? De onde saiu isso? Seria mais fácil aceitar esse quarto filme como parte de um desenho animado onde algumas coisas inesperadamente brotam e desaparecem sem percebermos.

Gore Verbinski deixou a cadeira de diretor para o oscarizado Rob Marshall dos musicais “Nine” e “Chicago” e do luxuoso “Memórias de uma Gueixa”. Percebe-se que o diretor tem muito jeito para as coreografias, entenderemos ao assistirmos as cenas de luta, embora essas não tragam qualquer novidade. Marshall também preza a magnificência das cenas: a fotografia turva de Dariusz Wolski e o ótimo desenho de produção de John Myhre (parceiro habitual do diretor) garantem um visual encantador. Mas se tratando de uma aventura, e se aventura compreende ação, e ação seja um marco da trilogia, essa quarta parte inflama possibilidades, mas cadencia um ritmo arrastado e nada impressiona quando os combates sucedem. Fica uma contação de histórias com diálogos rasos e piadinhas cuspidas à deriva.

Felizmente “Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas” não vendeu sua alma, Jack Sparrow. E que sacrilégio seria se tivesse feito. O pirata caricato toma conta de todo o filme com o talento e irreverência de Johnny Depp. Se a história não apetece, Jack Sparrow ao menos garante a diversão com seu trejeito, dicção e singularidade tão famosa que lhe transformou num dos personagens mais icônicos dos últimos anos. Tal fato me leva a rever uma questão que já propus: será que “Piratas do Caribe” funcionaria sem Sparrow? Hoje, após conferir esse quarto filme, não teria dúvidas em afirmar que não.

PS. Como nos outros filmes, há uma cena após os créditos.

2 comentários:

  1. Achei o filme sensacional! E tenho certeza que um quinto filme virá. O único problema foi esperar todas aquelas letrinhas passarem para ver a última cena haha

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  2. Fim de semana, enfim, estarei assistindo! Expectativa!!!

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