segunda-feira, 16 de maio de 2011

Proseando sobre... Água para Elefantes


Há quem não goste de palhaços. Há quem não goste de animais no circo. Há quem não goste de circo. Há quem não goste de Robert Pattinson. E como há. “Água para Elefantes” traz a tela o espetáculo de um circo em pleno anos 30, período da depressão estadunidense com a pobreza e a fome tomando conta da população. Nesse período, Jacob Jankowski (Pattinson), um estudante universitário de medicina veterinária, descobre que não possui bens após um acidente fatal com seus pais e se vê obrigado a largar a faculdade, abandonar a casa e se lançar no mundo sozinho. Acaba encontrando um trem carregando toda uma tripulação circense. Esse prelúdio de uma vida, agora, sem nada a perder, é contada por Jacob em dias atuais (Hal Holbrook), narrando com delicadeza seus tempos no extinto circo dos irmãos Benzini.   

Baseado no livro homônimo de Sara Gruen, esse drama romântico dirigido por Francis Lawrence (“Eu sou a Lenda”) é absolutamente sensível na forma de contar sua história, concentrando no vislumbre de um jovem sobre uma das principais atrações no picadeiro, Marlena Rosenbluth (Reese Witherspoon), que é um tipo de encantadora de cavalos. Os dois são contrastados através do figurino simples e apagado de Pattinson enquanto Reese irradia luz e luxo. Obviamente, ela é a estrela do circo, os holofotes a iluminam, mas é uma moça comprometida, – tinha de ser – e justamente com o dono do circo, o severo August Rosenbluth (Christoph Waltz). As apresentações do circo são curtas, mas sua beleza é exposta pela fotografia de Rodrigo Prieto que prioriza cores quentes.

A estrutura do roteiro, escrito por Richard LaGravenese, parece procurar ressaltar a todo instante a possibilidade desse romance acontecer e encontrar algum fim Shakesperiano. Imaginamos constantemente que aquilo não irá dar certo. Falho nesse sentido, o roteiro, que embora seja desenvolvido em 120 minutos, é por vezes insosso na proposta de exprimir motivações de seus personagens, sobretudo a de Reese, e peca também ao explorar a perversidade de August apenas com o intuito de diagnosticá-lo como vilão transformando a trama num maniqueísmo barato e esquemático, além da pieguice romântica. Ele é agressivo e importuno, diz que tudo não passa da uma ilusão. Se precisar reduzir gastos, ou algum dos homens estiver doente, não reluta em descartá-los e arremessa-los do trem em movimento.

Tal acerbo faz em dados momentos lembrarmos do Coronel Hans Landa de “Bastardos Inglórios”, papel que deu a Christoph Waltz o Oscar de melhor ator coadjuvante. Waltz vive novamente o vilão, embora se revele frágil em alguns momentos, converte-se na maioria dos atos num austero líder, com o brilho incandescente da atuação desse grande ator. Junto a ele, Reese, com sua tradicional atuação metódica, vive uma personagem simples e sem grandes destaques que ganha atenção unicamente por seu olhar terno – sua personagem não é tão interessante assim a ponto de nos fazer sensibilizarmos. Já Robert Pattinson, alvo de críticas desde seu desempenho infeliz em “Crepúsculo”, também não impressiona aqui, mas vence, sim, pelo seu visível esforço em dar alguma dignidade a Jacob Jankowski. Demonstra com isso ser um ator procurando melhorar fugindo do estigma do “vampiro”. Mas fica um pouco complicado se destacar quando se divide a tela com Reese Witherspoon e Christoph Waltz.

O desenvolvimento dessa história é custoso, com momentos bastante humorados e outros aborrecidos, como exemplo quando Jacob anda pelo trem e ganha tortadas de palhaços; ou a dança juntamente a Marlena no vagão enquanto August está dormindo; e também no desenrolar previsível do mocinho e mocinha se amando em segredo planejando uma fuga. São problemas de roteiro e de uma direção pouco inspirada que compromete o resultado dessa adaptação literária – não li o livro. Embora lembre, o filme termina longe de ser um novo "Diário de uma Paixão". Mas algo que vem dar algum crédito a narrativa e é algo gigante, a elefanta Rosie, dócil e adorável, funciona não só como a nova atração capaz de salvar o "Mais Espetacular Show da Terra", segundo o dono do circo, mas ser a intersecção do casal romântico minando no reconhecimento no papel de cuidador, algo que Marlena, eu sua doçura e compostura, não tinha naquele ambiente. E não estranha que o compasso do filme credite o zelo e o companheirismo como soluções para o sucesso. 


5 comentários:

  1. Nossa que otima critica de filme hein..
    parabens..

    eu ja estava ansiosa para ver o filme, agora estou ainda mais..

    abraços..

    seguindo..

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  2. Ótima crítica! Apesar de atuação do R. Pattz não me animar muito, quero assistir pois me falaram muito bem do livro. (:

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  3. Quase assisti este filme na semana passada!
    Gosto de filmes românticos mas tem alguns que dão sono como "desejo e reparação"...

    estou te seguindo
    http://bolachachocha.blogspot.com/

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  4. Estou louca pra assistir esse filme. Adorei o post hihi, parabéns pelo blog, estamos seguindo.

    http://asgarotasdoseculo21.blogspot.com/

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  5. Esse filme me surpreendeu. É um feel good movie agradável, com alguns momentos fortes, e mesmo Robert Pattinson não está tão ruim assim.

    http://cinelupinha.blogspot.com.br/

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