segunda-feira, 11 de abril de 2011

Proseando sobre... Marley & Eu



Uma falsa imagem nos é vendida. Não se trata de mais um filme de cachorros que aprontam durante toda a história para divertir o público, especialmente o mais jovem. Não deixa de ser também, porém, deve-se esquecer filmes como “Beethoven”, “Lassie”, “Napoleon”, entre outros. O que há em cena em “Marley & Eu” é mais do que uma diversão, é a retratação de uma família, é uma relação fiel entre homens e um cão com os erros e acertos, com os problemas e conquistas, estando a vida exposta de maneira que foge o artificial configurando o longa como um atrativo especial e acima de tudo humano em sua tênue simplicidade. É um dos filmes mais belos, sinceros e emocionantes dos últimos tempos. Sem exageros, é uma obra para ser eternizada pelo que conseguiu ser.

De longe foi uma das sessões de cinema mais emocionantes que assisti.  Ei, o filme fala de um cão, mas esse é coadjuvante. Fala, entre muitas outras coisas, de questões reais da vida, como a constituição de uma família, o cruel passar dos anos, as dificuldades do dia a dia, centrando casal muito bem estruturado financeiramente. Baseado na vida de John Grogan, esse que escreveu o livro homônimo o qual o filme foi adaptado, a história de aparência simples reserva momentos estonteantes para o público que deveria ser principalmente adulto para uma melhor compreensão do que a obra sugere.

John e sua esposa Jennifer adotam um filhote de Labrador com o intuito de testar suas habilidades no cuidado com um ser, pois, avistavam filhos num futuro próximo. Nesse ensaio descobrem que aquele simpático cachorrinho é um verdadeiro destruidor que não perdoa nada que sua boca possa alcançar. Anos mais tarde, após enfrentarem algumas barreiras o casal tem filhos. A mulher é obrigada a abandonar o serviço para cuidar da casa e John começa a escrever colunas num jornal (algo que não era de seu interesse) sobre o dia a dia com seu cão. Logo esse trabalho vira um sucesso.

O roteiro escrito pela dupla Scott Frank e Don Roos têm problemas comuns no desenrolar de sua história sem nunca comprometer, felizmente. O clima leve percorre toda a narração sem se aprofundar no tema. Um subgênero acaba sendo empregado revirando toda aquela comédia admissível, o ar dramático cai como uma avalanche quando a família Grogan passa por algumas dificuldades. Destaca-se a primeira gravidez de Jennifer. O diretor David Frankel, elogiado pelo trabalho em “O Diabo Veste Prada”, acerta a mão mais uma vez ao assumir uma direção precavida evidenciada pela sua preferência em retardar o drama e utilizá-lo em momentos oportunos retirando o melhor de seus atores, sobretudo de Jennifer Aniston no drama, e aproveitando-se do que Owen Wilson sabe fazer melhor, humor.

Com dois fortes personagens, o terceiro rouba a cena pelo seu carisma sem nunca exagerar. Marley é um sucesso, um cachorro que funciona ainda como um alicerce do casal, e mesmo que apronte e infernize, é importante e absolutamente necessário. No filme, Marley é constituído como um cão comum, – não fala nem faz graça – mas ama os donos enquanto cães. Só. É o bastante. Está longe de ser água com açúcar e tampouco piegas, trata-se de um filme terno que não comete exageros, mas acomete emoções. Explora com delicadeza pequenas coisas que precisam ser valorizadas e o tempo que passa sem notarmos. “Marley & Eu” nos faz sorrir, refletir e profundamente se emocionar. 


Um comentário:

  1. Jerônimo Gregolini Puccisegunda-feira, 11 abril, 2011

    Tá aí um filme que pensei que nunca teria interesse em assistir. Deixou-me curioso, Marcelo.

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