quinta-feira, 28 de abril de 2011

Proseando sobre... The Spirit - O Filme


Frank Miller trouxe mais uma adaptação de HQ semelhante ao seu “Sin City”. Esse é “The Spirit”, obra inferior ao outro mencionado trabalho do diretor devido sua privação narrativa ao apresentar seu personagem Denny Colt (Gabriel Macht), um policial assassinado que retornou a vida assumindo a identidade de um herói mascarado, e também pela superficialidade intransigente dos finalmentes que a história conclui – ou pelo menos tenta concluir. Há ainda o risco do herói acabar ficando de lado graças ao apelo feminino que garante um rebuscado aparato sensual e sexual. As mulheres causam desorientação e influenciam a vida de Spirit que, nas mãos destas, passa por verdadeiras tentações.

O filme é enriquecido tecnicamente com a fotografia P&B e design de produção se apropriando do green screen em sua composição. A impressão final é de que tudo aquilo é mesmo uma história em quadrinhos. A narrativa repete fórmulas sendo maniqueísta e esquemática ao colocar frente a frente Gabriel Macht e Samuel L. Jackson como o herói e vilão respectivamente. Diante o charme visual, as lutas promovidas entre os dois não atrai muito por sua ação, mas ganha alguns pontos graças a sua estética. Em meio ao charme em cena, ainda compreende-se a existência de gatos caminhando na história como alusões as atitudes, trejeitos e várias vidas do personagem Spirit que fere-se gravemente em vários momentos. Eis um caçador noturno. Um símbolo perdido nessa simbiótica narrativa.

A utilização da narração em off de Miller é sinuosa ao apuro artístico da obra resgatando de certa maneira o bom e velho noir – aqui, um salto ao cinema nos anos 50. É em Central City que tudo ocorre, a cidade é a paixão de Denny Colt que a defende disposto a eliminar todos os crimes que a assombram. Um justiceiro a parte num cinismo urbano. Fortalecendo a ambientação noir, em dado momento no longa,  o ponto de vista da personagem Sand Saref (Eva Mendes) é realçado quando essa demonstra sua aversão aos policiais que seriam injustos ou corruptos.

“The Spirit” é um universo idealizado com caprichos do diretor que exalta traços puramente surreais imperados pelo P&B, esses interrompidos em alguns momentos pelo tom vermelho. É para se lamentar que a obra esteja presa unicamente a detalhes artísticos. E para alegrar os descontentes, ao menos o público masculino, as mulheres estão presentes em evidencia irradiando luz como se saíssem de um plano metafísico com sedução. O olhar do protagonista sobre elas coordena a câmera focando seus principais atributos. E o time é forte contando com presenças de Paz Veja, Scarlett Johansson, – que quase não coube nas pequenas roupas que o figurinista lhe arranjou – Jaime King, Stana Katic, Sarah Paulson e Eva Mendes. Com elas estão os melhores momentos da narrativa. Alguns diálogos com frases de efeito se sobressaem encontrando espaços para bom humor. Risível, mas tecnicamente competente, encontra seu público e consegue angariar outros. 


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