terça-feira, 5 de abril de 2011

Proseando sobre... As mães de Chico Xavier


“As mães de Chico Xavier” é o filme que encerra as comemorações do centenário do famoso médium. Igualmente aos outros filmes, esse possui um arco dramático denso que só não emociona mais pela previsibilidade de seu tema ao colocar mães que perderam seus filhos em contato com Chico Xavier para este, através de cartas psicografadas, trazer mensagens de amor acalentando os corações feridos daquelas que perderam um ente próximo. Chico, em uma passagem, justifica: “a saudade é uma dor que fere nos dois mundos”. Tal frase explicita o que será o longa cujos desafios implícitos de encarar a morte ganham a esperança de um reencontro futuro.

Dirigido pela dupla Glauber Filho e Halder Gomes, este arrasa bilheterias promove o espiritismo através dos feitos de Chico Xavier. Envolve 3 histórias para contar a dor da perda, a amargura do luto e a incapacidade de aceitar. Nessa última, a solução se encontra nas palavras provindas das psicografias. O filme passa por um longo percurso por vezes cansativo tingido de azul – note que a cor predomina como símbolo de serenidade – narrando histórias de 3 mães desesperadas. Ruth (Via Negromonte) perdeu seu único filho para a dependência química; Elisa (Vanessa Gerbelli) não digere o acidente que levou seu filho que iria completar 5 anos; e Lara (Tainá Muller), grávida, terá duas grandes questões para lidar. Chico Xavier (novamente vivido por Nelson Xavier) surge na história quando um jornalista (Caio Blat) fica incumbido de fazer uma matéria sobre seus feitos.

O filme coloca idéias sem discuti-las – não há espaço para acusações ou defesas – se tratando apenas como um viés da religião e sua propagação enquanto doutrina, mesmo que coloque em cena alegorias relacionadas a outras religiões. A forma com a qual reflete a possibilidade do aborto é banal e nada acrescenta a trama, uma vez conhecermos outros filmes que já discutiram o tema de maneira bem mais interessante. É um filme feito para espíritas, curiosos e para quem procura se emocionar ou um afago advindo do espiritismo. Funciona dentro de sua proposta enquanto homenagem, embora uma figura como Chico Xavier mereça um trabalho bem mais conciso e sólido que reverencie seu feito de maneira não postiça como estes longas recentemente realizados.

O roteiro facetado acaba prejudicado pela montagem resultando em bocejos iniciais. A falta de inovação também não colabora para o sucesso do longa, restringindo unicamente a artifícios já vistos sem surpreender em nada. As lágrimas existirão para quem se permitir, e essas são reforçadas pela boa trilha de Flávio Venturini e pela atuação tocante de Vanessa Gerbelli cujos gestos e expressões parecem orgânicos nos causando comoção imediata – há um plano lento e tristíssimo envolvendo sua personagem. Que mãe está preparada para perder um filho? Que conforto esta pode ter senão a tomada de consciência e aceitação? “As mães de Chico Xavier” trata dessa busca por respostas de maneira melancólica e exagerada em sua composição cinematográfica pretendendo emocionar a qualquer custo. E consegue.

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