sábado, 2 de abril de 2011

Proseando sobre... Fatal

Elegia é um tipo de poema com caráter melancólico. E elegia é o título original do filme, traduzido como "Fatal" no Brasil. Detentora de uma história madura e potencialmente reflexiva no que diz respeito a condições humanas, esse célebre romance, dirigido por Isabel Coixet, destaca a serenidade de seus personagens que produzem um notável alento reflexivo sobre uma história de amor que ainda hoje sofre resistência.

A narrativa conta a vida do professor universitário David Kepesh, que sem intenções, conquista suas alunas com seu carisma e inteligência. Porém, ele mesmo não dá esperanças para as jovens estudantes esquivando-se de qualquer possibilidade de se relacionar com qualquer uma delas. Em um certo dia o professor conhece Consuela Castillo, essa que com seu charme, rompe as fronteiras de defesa do homem iniciando um relacionamento onde o próprio David não acredita ter um final feliz, afligindo-se emocionalmente por isso. Temente quanto alguma frustração, David desenvolve uma obsessão pela garota e faz com que seu ciúmes destrua a relação. Algum tempo depois os dois se reencontram num ato visceral.

Os episódios afetuosos do casal atravessam barreiras preconceituosas e geram questionamentos e discussões sobre assuntos referentes ao relacionamento de uma jovem com um homem muito mais velho. Disfarçando o romance na história, ambos permeiam o sentimento que os mantém unidos, evidenciado na vívida atuação assombrosa do ótimo Ben Kingsley e na concepção sensual e importante da cada vez melhor Penélope Cruz. A dupla vive um dos casais mais interessantes e intensos dos últimos anos do cinema. E tanto interesse é justificável por suas condições e com o futuro que irão lidar.

Fatal é justamente um momento delicado que irá atravessar a vida dos personagens da história, não se restringindo somente ao par romântico, acontecendo também na amizade de David com George (vivido pelo falecido Dennis Hopper). A diretora espanhola Isabel Coixet nos traz mais uma bela obra reflexiva e penosa adaptada por Nicholas Meyer a partir do romance de Philip Roth. A opinião da diretora com os assuntos que seus filmes tratam são  explícitos em suas filmagens, vide o belo "Minha vida sem mim". Neste aqui não é diferente. Ainda há espaço para uma breve aula de arte envolvendo mulheres e toda sua sensualidade. Não estaria errado pensarmos "Fatal" como um filme feminista e não feminino, sua estética colabora e sua conclusão assina sua primazia a mulher.


Nenhum comentário:

Postar um comentário