sábado, 16 de abril de 2011

Proseando sobre... Pânico 4


Feito para quem gosta de terror e humor negro. Feito para trazer de volta a lembrança de uma importante franquia de sucesso e causar nostalgia naqueles que tanto a apreciaram. “Pânico 4” estreou sob olhares duvidosos. Será que, em dias como hoje, um filme assim pode dar certo? São tantos os filmes de horror que a criatividade precária vem enfileirando decepções ano após ano. E o que era para horrorizar, faz rir. Este gênero parece fadado ao fracasso. Felizmente ainda há mentes criativas. Wes Craven de “A Hora do Pesadelo” e da trilogia “Pânico” retorna com uma quarta parte que sustenta terror, humor, expectativa e brincadeiras com clichês usuais próprios do gênero. “Pânico 4” não perdeu a essência dos primeiros filmes e ainda conseguiu, em alguns pontos, ser ainda mais imaginativo.

Com uma introdução indicativa do que será o filme através de diálogos entre personagens utilizando o recurso da metalinguagem, uma desconstrução de narrativas sobre longas de horror acontece especulando novos caminhos que esses, acompanhando a tecnologia, deveriam seguir. O feito é um tiro certeiro e o diretor Wes Craven mostra a que veio com seu tradicional bom humor e revisitando o primeiro filme da série – esse poderá ser reconhecido em várias cenas. A franquia “Pânico” ressuscita com outras idéias e com novas regras.

Sidney Prescott (Neve Campbell) é mais uma vez o alvo dos ataques. Ela se destaca nas cenas de luta contra seus perseguidores – a garota aprendeu bastante com os outros 3 filmes. Após 10 anos, um livro de sua autoria está sendo lançado contando os apuros que passou com o mascarado. A cidade de Woodsboro ficou famosa com os trágicos acontecimentos e, anualmente, jovens comemoram a semana de ataques uma espécie de halloween local espalhando imagens do Ghostface e fazendo sessões com a série “Stab”, 7 filmes baseados nos assassinatos. Esses são fantasiosamente dirigidos por Robert Rodriguez condecorando essa como uma das melhores sacadas de todo o longa. Ghostface segue atrapalhado – ele nunca foi um assassino profissional e em vários momentos falha. Outro que também continua sem lá muito jeito em combates é o agora Xerife Riley (David Arquette), este que tem o papel mais infeliz nessa empreitada.

Já Courteney Cox retorna na pele de Gale Weathers Riley, vários anos após ter abandonado as reportagens. Ela é outra que pretende lançar um livro, mas sofre com a falta de idéias. Vive como uma mera coadjuvante de todos os acontecimentos na cidade. Sua personagem ganha destaque na trama ao buscar retomar sua profissão. Mais tarde se percebe ultrapassada com os avanços tecnológicos – eis um contraste com o ideal proposto no filme que traz adolescentes com celulares de última geração e filmadoras. É um novo ciclo do horror que flerta com comédias. As sátiras continuam indispensáveis.

Seguem várias tomadas que acessam outros filmes de sucesso. Os típicos “Halloween” e “Sexta Feira 13” ficam para trás e abrem espaço para outras brincadeiras. A pergunta “qual seu filme de terror favorito?” permanece viva e outras opções entram em cena. Até Alfred Hitchcock entra na roda. Um assassinato acontece num quarto vizinho e é possível observa-lo por uma janela. Em um dos quartos, o cartaz de “Janela Indiscreta” enfeita a parede. Personagens secundários com nomes como Marnie e Rebecca não parecem ser escolhas aleatórias (“Marnie, Confissões de uma Ladra” e “Rebecca – A Mulher Inesquecível” são dois clássicos hitchcockianos).

Se sucederá em “Pânico 4” um verdadeiro banho de sangue. Muitas mortes e também muitas piadas. O terceiro ato é promissor e tão discutível como fora o primeiro longa. O roteiro de Kevin Williamson encerra com saldo positivo, apesar de certas incongruências e comicidade por vezes excessiva. Em tempos em que a fama é um desejo e a forma de conquistá-la está cada vez mais hostil e humilhante, o longa triunfa com seu exagero sobre uma ode a reputação e a glória. Isso garante, não somente o sucesso que o longa terá com seu público fiel, mas uma inovação anteriormente recalcada em longas que, sem sucesso, abusam da carnificina e o vazio se consagra. Aqui, ao menos, diverte e insinua com vários elementos. 

Nessa brincadeira, entram em cena jovens atrizes de relativo sucesso, mas que são figuras comerciais carimbadas do público teen: casos de Anna Paquin, Hayden Panettiere e Emma Roberts. Essa última é prima de Sidney na história. O desregramento toma conta, e em alguns momentos acaba demasiada, transtornando a pretensão e expulsando definitivamente quem não está familiarizado – ou quem não gosta – com esta combinações de gênero. Eis um trabalho que funciona dentro de uma ótica sem limitações onde o exagero é objetivado e fruto de um estilo banalizado. Usar isso a seu favor é um trabalho para poucos. Entre esses poucos, está Wes Craven.

PS. Bom também é conferir a ponta de Heather Graham revivendo a personagem de Drew Barrymore em “Pânico” de 1996 na tal paródia “Stab”.

PS 2. Kristen Bell é outra que marca presença no ato inicial discutindo possíveis novidades não só no filme, mas nessa nova provável trilogia.

Um comentário:

  1. Ótimo post!!!

    Me deu vontade de ver o filme, ah, e claro sua nota, hehehe

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