segunda-feira, 4 de abril de 2011

Proseando sobre... Fúria Sobre Rodas

 

Sabe aqueles filmes esquisitos do Nicolas Cage? “Fúria sobre Rodas” é mais um desses, trazendo Cage como protagonista voltando do inferno, se revelando um amante de carros possantes, hábil com armas e ainda encontrando pela frente a loirona Amber Heard. Seu personagem, John Milton, veio salvar um bebê prestes a ser sacrificado num ritual proposto a trazer o inferno para a terra. Milton tem que correr contra o tempo para impedir Jonah King (Billy Burke), um satanista perigoso, de concluir seu objetivo demoníaco. Ao mesmo tempo que participa da busca desenfreada dirigindo um Dodge Charger 440, ainda tem que fugir de uma figura inusitada e curiosa vivido por William Fichtner, o contador, uma espécie de Cérbero de terno e gravata com olfato aguçadíssimo. Há ainda uma série de outros personagens que brotam em cena, entre eles um encarnado pelo veterano David Morse.

Feito ao melhor estilo filme B, esse “Fúria sobre Rodas” é uma viagem intragável para quem busca sentido. Um amontoado de situações absurdas correspondem a inverossímil caracterização de seus personagens, transformando a história numa grande brincadeira que se utiliza da tridimensionalidade para deixar tudo ainda mais questionável. O roteiro é terrível, não espere coerência, ou melhor, não espere nada! O filme pouco irá acrescentar a uma vida cinéfila. Tirará boas risadas. Isso com certeza. E Cage ainda se esforça  para atuar abandonando o piloto automático tradicional passando boa parte do filme com uma imensa cicatriz. Seu estilo clichê se sustenta a seu favor como John Milton.

A direção e o roteiro são de toda responsabilidade de Patrick Lussier, cara que trouxe as telonas “Dia dos Namorados Macabro 3D”, e que também esteve envolvido com “Luzes do Além” e com o horroroso “Drácula 2000”. Lussier se sai bem em várias cenas de ação, mesmo que algumas pareçam esquemáticas, e dá um tom singular a narrativa quando joga toda possibilidade de realidade pela janela deixando unicamente uma exposição do implausível, principalmente quando relacionado ao contador e sua moeda. Fichtner vive o melhor personagem da história, icônico e engraçadíssimo em sua performance rebuscada e serena. Já Amber Heard não economiza com sensualidade e revive uma cena que ficou famosa com Megan Fox em “Transformers” no capô de um carro. Mas Heard se sai melhor por não ser limitada exclusivamente à beleza. A garota é boa de pancada também.

Impossível de se levar a sério, “Fúria sobre Rodas” é um bom filme ruim e prova que Nicolas Cage realmente não lê com antecedência os roteiros de seus filmes. Ao menos a proposta deste seu novo trabalho está à cima da média de vários de seus projetos da década passada, e o estilo que encarna aqui costuma calhar ao ator. Quando a moral da história se repete e cansa, as cenas de ação entram em cena abusando do 3D. É um desvio comum na carreira de vários cineastas. Mas aqui poderiam sim investir melhor na narrativa que até é atrativa e com melhor cuidado satisfaria outros públicos. A vingança presente (Miton teve sua filha assassinada), perseguições constantes, sexualidade esgotante, personagens inverossímeis e duelos entre criaturas das trevas garantem, ao menos, 104 minutos de pueril recreação.  


2 comentários:

  1. Recreativo, né. Rs...

    Ótimo post, mas Nicolas Cage é meio sem sal, penso eu.

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  2. Velho.. Não teve sentido o Nicolas Cage fazer uma arma com a mão e a bala desviar pro cara que segurava a garota. Ele voltou do inferno, mas ele é algum todo poderoso? @FelipeReblin

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