Há muitas questões complexas dentro do roteiro desse “Minha irmã”,
questões que vão muito além da proposta do título brasileiro, proposto como
referência a relação estabelecida que acompanhamos na história, no entanto é pequeno
frente a outros embates bem mais importantes. A história vai além da relação
entre irmão e irmã, como os personagens se consideram, ela trata de afeto e de
valores familiares amoldados, interesses privados pela angústia da realidade,
de um provável passado infeliz – que não temos acesso – até um futuro
vislumbrado com igual pessimismo. Assistimos um garoto de 12 anos ir até uma estação
de esqui diariamente, lá ele rouba equipamentos dos turistas e vende no
conjunto habitacional onde mora, ganhando algum dinheiro para se sustentar e
dar algo para sua companheira, Louise, bem mais velha que ele, que tem casos
amorosos voluntários e se mostra incapaz de se manter algum emprego. Mutáveis,
se mantém próximos por necessidade. E por paixão. Algumas eventualidades causam
desconfiança no público. A relação vista soa paternal, é ele quem cuida dela. Há
também uma aproximação íntima, já que o menino, em certo momento, paga pela
atenção da mulher, aparentemente como única forma de manter algum contato, de
tocar. Dependências afetivas e
financeiras são tratadas com leveza neste projeto da diretora Ursula Meier.
Também tem Léa Seydoux vivendo Louise, o que já merece uma espiada.
Direção: Ursula Meier
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