A parceria entre Marcelo Adnet e Eduardo
Sterblitch é muito boa. Ambos conseguem segurar um filme ruim com trejeitos particulares
e gags que funcionam numa comédia descompromissada, mas não é o bastante para
salvar o filme. Está bem longe de conseguir qualquer sucesso quanto a isso. “Os
Penetras” é notadamente fraco, tem um roteiro frívolo, reviravolta corriqueira
e uma direção burocrática de Andrucha Waddington. Talvez tudo e todos estejam
limitados pela produção que quer mais do que qualquer outra coisa angariar fãs
para estabelecer uma nova franquia rentável no cinema comercial brasileiro, utilizando
de humoristas da moda e com talento comprovado – caso de Adnet, já que nunca
havia ouvido falar do tal Sterblitch.
A história é sobre um cara
apaixonado, Beto (Eduardo Sterblitch), que, ao ser ignorado pela namorada,
acaba desiludido e acidentalmente encontra um homem, Marco Polo (Adnet), que
promete ajudá-lo a reconquistar a paixão, no entanto precisará de alguma ajuda
financeira. Alguns equívocos e situações triviais se amontoam e logo os dois se
envolvem com a alta sociedade carioca, entrando em festas sem convite, divertindo-se
como podem até que os seguranças descubram e os coloque para fora. O roteiro
cria situações bem manjadas, especialmente com uso de drogas a fim de fazer
seus personagens agirem de maneira mais estúpida do que o esperado e conseqüentemente
tirar risadas satisfeitas do espectador que se entrega a graça juvenil da dupla
que se diverte em cena.
Fica, para quem quer levar algo
do filme, a beleza do Rio de Janeiro que é apresentada exuberantemente por uma
fotografia que ressalta a cidade maravilhosa ensolarada e calorosa. É bem
filmado, com cenas surpreendentes – a viatura na contra-mão durante o trânsito –
e outras econômicas – as de sexo, pretendendo seguramente diminuir a censura. E
não falta sensualidade – inevitável em comédias dessa categoria – com uma Mariana
Ximenes lúbrica e Juliana Schalch, que quase passa batida, numa cena mais
picante no ato final. O longa ainda conta com Andréa Beltrão, Stepan
Nercessian, Susana Vieira e Luiz Gustavo. Esse elenco faz toda a diferença. O
talento e a experiência dos atores contribui para que o filme seja digerível,
coisa que outras comédias do gênero não conseguiram. Pena ser insuficiente.
Vai tirar muitas risadas sem
qualquer dúvida, tão rápidas e breves que provavelmente se tornarão passageiras
e esquecíveis, tais quanto os semelhantes anuais. Servirá para exaltar o nome
de novos talentos do humor nacional, como a dupla protagonista que funciona
como um marketing natural graças aos seus nomes estampados no cartaz. Sozinhos
arrastam jovens que os idolatram e pouco oferece a esses senão recreação e
senso imoral. É um pedaço de filmagem criativamente limitado, uma extensão episódica
de algum quadro televisivo, propenso ao riso fácil. É mais uma daquelas
comédias desprezíveis de graça passageira que o cinema nacional insiste em
lançar anualmente, desperdiçando talentos reconhecidos, abarrotando as salas de
cinema de dinheiro na mesma proporção que de mediocridade.
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