Filme difícil, indigesto, pois
sabemos se tratar de algo real, absurdamente verídico, ainda emergente. Mas há
muito mais do que esse realismo, há um fator sobrenatural de origens transcendentais
modelando a obra. Há algo mágico nos fatos vistos. Alucinações causadas por uma
planta. Essa produção canadense indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro
em 2013 traz a história da menina Komona que teve a vila devastada por rebeldes
e fora obrigada a matar os próprios pais, já que pouparia o sofrimento desses
que seriam assassinados dolorosamente posteriormente. Levada pelos rebeldes
junto a outras crianças e adolescentes, a menina de 12 anos teve que aprender a
empunhar uma arma desde cedo e agir em favor de seus seqüestradores,
tornando-se uma soldada servindo particularmente um comandante que ainda a
obrigava a manter relações sexuais. Sem economias sobre as vivências dos atos
que são expostos de modo penoso pela câmera, o filme evoca algumas visões da
garota que enxerga fantasmas – representações de sua crença, o que lhe garante
o título de feiticeira. O filme garante a imortalidade do diretor canadense Kim
Nguyen que deixa uma obra pesada e penosa, um registro sem frutos do que ocorre
nas guerrilhas civis da África. É apenas um bom filme, suas indicações foram
exageradas, exceto o prêmio de melhor atuação para Rachel Mwanza que faturou um
Urso de Prata no Festival de Berlim. A menina e o horror refletido em seus
olhos é o melhor que o longa oferece.
Elenco: Rachel Mwanza, Serge Kanyinda e Alain Lino Mic Eli Bastien
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