segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Proseando sobre... A Hora do Espanto (2011)



A leva de filmes trazendo os sanguessugas noturnos não tem data para encerrar. Felizmente, para seus apreciadores, esse assunto cultiva bons elementos mesmo em tempos em que a saga “Crepúsculo” marcou uma nova idéia do ser vampiro. A moda tradicional segue soberana, um brinde de sangue a isso. E quando inovações entram num limbo, refilmagens acabam assumindo e a bola da vez é este “A Hora do Espanto”, baseado no clássico oitentista, mantendo os personagens originais e dando a eles uma nova ótica e um banho de modernidade. O vampiro presente segue carniceiro, é perigoso e letal como o tubarão de “Tubarão”, exemplo dado por um dos personagens, ao mesmo tempo em que debocha da versão de Stephenie Meyer.

Dirigido por Craig Gillespie, o cara por trás do ótimo “A Garota Ideal”, este filme não vislumbra um tema sério cujo humor de escape sugerido balanceie uma temática discutível. Aqui não há pretensões, há recreio e horror através de um vampiro exterminador. A história não é das mais atrativas, mas diante ao que deseja oferecer, funciona. O jovem estudante Charley Brewster (Anton Yelchin) mora com a mãe, Jane (Toni Collette), com quem tem uma relação bastante amistosa. Passa os dias com Amy (Imogen Poots de “Extermínio 2”), sua namorada, uma das garotas mais desejadas do colégio. Leva uma vida boa, invejável, mas carrega segredos, um passado nerd guardado a sete chaves – assunto que renderá uma subtrama. Seus problemas começam quando conhece seu estranho vizinho, Jerry (Colin Farrell), um vampiro sedento e decide voluntariamente combate-lo em defesa das mulheres de sua vida.

O vampiro Jerry, cujo nome parece tão ameaçador como Bill de “Tue Blood”, ganha uma piada inspirada. Mas fica só essa sugestão, a maldade impera sem sátira, mas com sangue e bom humor. O filme é inteiramente movimentado, com o roteiro de Marti Noxon (“Eu sou o Número Quatro”) debruçando-se completamente sobre as perspectivas do primeiro, com o mesmo charme e descompromisso dos filmes do gênero do anos 80. É quase nostálgica a experiência de conferir esta obra que encara reais possibilidades de não ser levada a sério. Mas será que é pra levar? Não importa a postura frente a ela, a diversão nos é devidamente proporcionada.

Com produção notoriamente inspirada nos pioneiros do gênero, “A Hora do Espanto” é um aglomerado de situações comuns numa versão dinâmica, apoiada na moda vampiresca para resgatar um de seus clássicos com direito a cruzes, alho, queimaduras solares e estacas. As atuações não fogem a regra do convencional, se destaca Colin Farrell (que já vinha de um ótimo desempenho em “Quero matar meu Chefe”) e David Tennant que encarna um mágico canastrão interessado em mitos fantásticos. As ambientações também triunfam, se sobressai a direção artística expondo a casa de Charley e seu quarto juvenil contrapondo a enigmática e escurecida casa do vizinho. Com esse resgate, resta esperar, com pessimismo, se “Fome de Viver” ou “Drácula” correm o risco de ganharem também uma nova versão.


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