quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Proseando sobre... Pronta para Amar


 Há uma fuga de clichês, pelo menos uma tentativa. Há a mocinha arredia a relacionamentos sérios e adepta do sexo casual. A negação quanto a amores é pesada nessa loura, a publicitária Marley Corbett (Kate Hudson), ótima profissional, mas que leva uma vida cheia de excessos. O sorriso contagiante converte-se em desgosto, acompanhando a mudança de gênero, da comédia romântica ao melodrama. É convencional, mas ainda emociona. Em obras menores e pífias, temas semelhantes se glorificaram. Essa não teve tanta sorte, mas deverá ganhar fãs pouco a pouco pelo boca a boca. O projeto é dirigido por Nicole Kassell do ótimo “O Lenhador” trazendo uma doença como cerne da trama.

Tudo ia muito bem na vida de Marley até quando fora diagnosticada com câncer. A premissa básica faz lembrar de outros filmes. Este se diferencia por tratar a doença não como uma fonte de redenção do amor ou reconciliamento, não é um “Um amor pra Recordar” da vida, felizmente! O roteiro viabiliza outras elaborações, entre elas a do papel de sua protagonista, longe dos padrões moralmente impostos em filmes do gênero, tratando-a como um modelo do ser errado, mas ela aprende uma lição, como seu título em português – horrível, diga-se de passagem – entrega. Mas há uma ajudinha nonsense para aprender alguns valores. Deus fala com ela, surge para ela e aparece na forma de Whoopi Goldberg. A atriz é alguém que Marley admirava. Piada pronta, aceitável. Até Alanis Morissette já foi Deus na telona.

O filme explana relacionamentos e não antecede suas resoluções como a maioria das comédias românticas fazem, ele vislumbra outros artifícios buscando se distanciar do local comum residente, criando uma intriga familiar, explorando a defesa de sua protagonista longe de ser um tipo de garota ideal. Também veicula os amigos próximos digerindo a notícia sobre a doença e tomando rumos distintos ao encararem a situação. O longa ainda ganha uma discussão mais acentuada, a empatia que alguns profissionais tem por seus pacientes. Naturalmente o filme não busca estender essa questão, o que é uma pena, é sua grande força nas entrelinhas, quando explora o interesse do médico Julian Goldstein (Gael García Bernal) mais do que empenhado em salvar sua paciente.

O melodrama paira no segundo ato, mas as piadas continuam, e se envolvem com metafísica, exames, amigos gays, cães e anões. A atriz Lucy Punch, destaque recente em comédias, novamente coadjuva adequadamente. A variação condensa um ritmo agradável, afinal é um filme fácil, mas difícil de se levar tão a sério. Deverá derramar lágrimas dos mais emotivos, no entanto nenhum dos atores serão lembrados por este trabalho. Até Kathy Bates está no meio e sabotada vivendo a mãe de Marley, sustentando duelos verbais com a filha. Também há a consideração sobre alguns não conseguirem transmitir emoções, inocentando-os num determinado ato. Eis uma diversão feminista a qual a protagonista é um dos piores exemplos desse universo da mulher, ao menos segundo as idéias de Hollywood. 

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