Modesto comercialmente, mas dotado de ingredientes típicos de Blockbusters, esse “Contra o Tempo”, filme que demorou para chegar aos cinemas brasileiros, se apropria de elementos narrativos hollywoodianos para contar uma boa história sobre um atentado num trem. O foco não é o desastre que vitimou centenas de pessoas, mas como identificar o terrorista responsável pela tragédia. Longe dos clichês do gênero e do modelo de investigação vigente em filmes de ação pulsantes, esse trabalho busca hipóteses científicas para chegar onde quer: entrar no corpo de uma das vítimas para que, em oito minutos – tempo da memória a curto prazo –, indentificar o responsável e evitar novos ataques. Pura tensão em Chicago.
O mundo seria diferente se tal prática existisse? A questão é relevante à narrativa que se preocupa em acentuar críticas sociais ao próprio país, levantando reflexões passageiras a cerca das guerras e do homem como objeto nesse meio, em defesa da pátria, entregando sua própria vida, ganhando uma medalha e qualquer outro reconhecimento póstumo. E o filme vai mais longe, mergulha em hipóteses oníricas e metafísicas, cita física quântica e idealiza realidades paralelas em atos repetidos, mas de funções diferentes e direcionamentos cada vez mais enérgicos. A direção do promissor Duncan Jones de “Lunar” estabelece um filme rico em argumentos, embora não explore nenhum com totais êxitos, e explana uma história ágil capaz de capturar vários tipos de público.
A história é sobre Colter Stevens (Jake Gyllenhaal), piloto envolvido com a guerra, preso no que parece ser uma câmara fria. As informações iniciais são poucas para este homem quanto para nós. Stevens não entende a razão de estar ali, frente a um monitor exibindo uma desconhecida lhe passando missões, Colleen Goodwin (Vera Farmiga), e fica ainda mais confuso quando se percebe no corpo de um outro homem, vivendo uma cena breve, dentro de um trem, até a explosão deste. Essa cena se repete várias vezes com o engajamento do piloto em descobrir onde está o terrorista ao mesmo tempo que busca a revelação sobre si naquele espaço novo e assustador. Há ainda uma estranha atraente agindo com bastante intimidade, Christina Warren (Michelle Monaghan, sem muitas funções na história a não ser oferecer um parêmetro romântico).
Duncan Jones vem de elogios, ganhou um status cult por sua obra anterior e todos aguardavam um novo trabalho. As fontes de discussão de “Contra o Tempo” são inesgotáveis, ainda mais pensando que recentemente trabalhos como “A Origem” e “Reencontrando a Felicidade” trouxeram sugestões análogas. Bom de se conferir, e mesmo que em alguns instantes perca o foco caindo num dramalhão – o que não é mal –, o filme consegue estabelecer um vínculo com o cinema popular ao mesmo tempo que trabalha para não ser apenas mais um entretenimento passageiro e esquecível.
Parece ser muito interessante, depois do seu post, está na minha lista de filmes pra assistir...
ResponderExcluirAdoro filmes que geram discussões, como os dois que você citou.