sábado, 1 de setembro de 2012

Proseando sobre... Os Mercenários 2


“Os Mercenários” lançado em 2010 veio com a promessa de reunir grandes astros dos longas de ação dos anos 80 e trazer a tela toda sua hegemonia e performance clássica que empolgou muita gente naqueles anos. Infelizmente foi uma decepção. Eis que chega sua continuação angariando ainda mais gente, reunindo toda uma equipe de brucutus numa nova missão. Ahhh... esse sim se fez impactante, não pela história contada, mas pela realização e homenagem, pelo divertimento e brincadeira, e mais, pela metalinguagem proposta garantindo momentos de muito humor e um clima de nostalgia melancólico com a constatação desses heróis envelhecidos. O que não significa que eles não possam tocar o terror! E tocam! Eletrizam!

A abertura do filme é um autêntico cartão de visitas do que a obra trará em seu desenrolar. Muita violência e brutalidade, a testosterona quase sai pelos poros de seus personagens que empunham armas como se estas fossem extensões de seus corpos, destruindo tudo e a todos que funcionam como potenciais ameaças, deixando rastros de sangue e violência pelo caminho de maneira estranhamente cômica, impactante, capaz de fazer os fãs delirarem com tal abertura monumental. Um exagero, um exagero notável, bem realizado e recheado de frases de impacto – algumas escritas nos carros e caminhões. Que filme é esse? Um salto há 30 anos atrás. De fato estamos diante dos donos dos rostos mais marcantes do cinema de ação. E tome referências!

O roteiro escrito por Sylvester Stallone juntamente a Richard Wenk refaz caminhos comuns de produções do gênero com um maniqueísmo prático, além de ser um banho de alusões aos seus atores, algo que notadamente garante boas risadas do público, especialmente naqueles que conhecem cada um deles. Aí se solidifica o exercício da metalinguagem, proposta adequada do filme que não se leva a sério, brinca com si mesmo fazendo emergir na mente lapsos de outros longas do gênero como “Rambo”, “O exterminador do Futuro” e “Soldado Universal”. E o que dizer de manejos e dicções, como Jean-Claude Van Damme vivendo o vilão Vilain que, em certa altura, dá um chute nos transportando aos seus tempos de glória, recordando “O Grande Dragão Branco” e “Desafio Mortal”.

Pancadaria, tiros, bombas, caos. Atributos masculinizados que aturdem durante todo o filme. No entanto ainda há alguma profundidade, ou pelo menos tentativa, já que Stallone, não satisfeito com o empenho enérgico da obra, busca trazer alguma reflexão triste sobre sua condição enquanto mercenário – o que sugere, talvez, um desabafo pessoal sobre seu serviço prestado ao cinema comercial onde já não é tão exigido. Algo próximo de “JCVD” onde Van Damme discursa ressentidamente a respeito de seu passado. Se há uma projeção intimista empregada no longa, não se sabe, mas há o protagonismo evidente de Stallone com seu Barney Ross ao lado de Lee Christmas (Jason Statham), ambos tem os personagens melhores trabalhados. Também participam da brincadeira caras como Jet Li, Dolph Lundgren, Terry Crews, Liam Hemsworth e Randy Couture. 

Anteriormente mal dirigido pelo próprio Stallone, essa sequência escapou pelos dedos do intérprete de “Rocky Balboa” e ficou a cargo de Simon West, diretor responsável pelos filmes “Assassino a preço fixo”, “Con Air” além do ruim “Lara Croft: Tomb Raider”. Ao menos em “Os Mercenários 2” compreendemos um pouco melhor o contexto da trama com a câmera mais contida e a edição sem o excesso de cortes – o senso espacial, por sua vez, é absolutamente ignorado. West cumpre bem seu papel e entrega cenas de ação expoentes com energia o bastante para não dar chance para o espectador se desconcentrar. Não é, em qualquer hipótese, uma enxaqueca narrativa como “Transformers”. É de fato um filme que mostra o potencial de seus atores, coroando com presenças ilustres e cenas pra lá de empolgantes. Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis juntos causam um furor. Porém há alguém que vem potencializar a ação, um tal lobo solitário, Booker, vivido por ninguém menos que Chuck Norris! Engraçadíssimo. Ele é um dos alívios cômicos da narrativa, fazendo jus a sua fama ganha na internet. E suspeito que este teve 100% de acertos nos tiros, não sofreu nenhum arranhão e tampouco perdeu uma gota de suor. 

Ao final é isso, diversão descompromissada, uma homenagem a esses caras que deixaram uma marca no cinema cujos feitos dificilmente serão esquecidos, uma vez não fazerem parte dos sucessos passageiros a qual estamos expostos atualmente. E se tanta ação parece ser algo notoriamente comum, ainda mais pensando nos vários exemplos lotando as prateleiras das locadoras, ao menos esse tem a nostalgia necessária para um filme funcionar organicamente com os espectadores. Se ao final não obtivermos qualquer aprendizado, reflexão ou não presenciarmos grandes atuações, ao menos a diversão é inegável, nos divertimos juntamente aos atores que claramente estão satisfeitos em fazer parte dessa movimentada recreação!
 

Um comentário:

  1. Bem divertido! Assista sem compromisso com a narrativa e dê boas risadas! :D

    ResponderExcluir