Comédia nacional em tom de
sátira. Nem parece. “Totalmente Inocentes” vem fazer algo
diferente no cinema brasileiro, satirizar algumas de nossas produções de
sucesso. Já temos um nicho interessante que trata de favelas, assunto que
tornou-se um subgênero de apelo comercial. Expoentes obras como “Cidade de Deus” e “Tropa
de Elite” são lembradas aqui. Essa brincadeira dirigida pelo estreante em
longas metragens Rodrigo Bittencourt parece querer ser
descolada, diferente, com figuras da moda, estrelas da internet e recursos
visuais diferenciados. Artifícios gráficos, desenhos que dão a falsa impressão
de HQ e tomadas de animação são algumas das alegorias tratadas que nada acrescentam
e pouco somam as pretensões do filme.
O escracho é evidente,
sátiras se baseiam normalmente no que pode ser ridículo em projetos prontos, é
expor o absurdo e brincar com a infinidade de possibilidades para transmitir
alguma graça. Se alguém quer dar risada e vê no projeto de Bittencourt uma oportunidade, reflita se costuma se divertir com os quadros de
Zorra Total. Se sim, este filme será aproveitável. Com uma trama simples,
seguiremos as investidas de 3 jovens personagens que carregam o tom de pureza
do título. Trabalha-se com crianças, crianças que moram em favelas e tem sonhos,
crianças que observam líderes dos morros como heróis a serem admirados,
símbolos de sucesso para o futuro. Da Fé (Lucas D' Jesus),
Bracinho (Gleison Silva) e Torrado (Carlos
Evandro) são os 3 que se meterão em várias confusões. Oportunidades
de aprofundamento e discussão a cerca de valores morais e sociais a respeito da
projeção dos envolvidos no meio de violência é algo que em certo momento parece
acontecer. Logo é descartado e retoma-se o ridículo.
Da Fé é
apaixonado por Gildinha (Mariana Rios), bela morena que atrai os olhares
dos moradores do morro DDC – referência óbvia ao morro CDD em “Cidade de Deus”.
Mas ela não se apaixona por bandidos, como a própria diz. Instigando sucesso,
vai buscar estágio na revista "Tapas e Tiros", local que
trabalha o desafortunado jornalista Wanderlei (Fábio Assunção), incumbido de realizar uma matéria de capa após ter fracassado numa
reportagem passada. A premissa se baseia sobre essa idéia, culminando num
conflito entre o atual líder Do Morro (Fábio Porchat) e a ex dirigente
do mesmo, a travesti Diaba Loura (divertidamente vivida por Kiko Mascarenhas). Condensado por um humor prático e numa jocosa alusão a policiais, pasteleiros
e traficantes de armas, o filme é regido por banalidades.
A direção de fato
é precária, ao menos é bom ver alguns atores se divertindo com seus
personagens, embora alguns careçam de originalidade e por muitas vezes se adeqüem
a estereótipos tolos. Ingrid Guimarães vivendo Raquel, uma lésbica
devoradora de mocinhas, tinha potencial para ser divertida, mas terminou
caricata, igualmente a outras personas ao longo da narração. Com
figuras triviais da internet, os produtores encontraram uma forma de levar mais
gente ao cinema. É difícil agüentar Felipe Neto em seus
videocasts narrando acontecimentos no morro. Uma baita chateação. A ingenuidade
se confirma na direção desastrosa e sem personalidade. De inocência, o filme
não tem nada. Minha sugestão seria: totalmente ordinários.
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