“Os Mercenários” lançado em 2010
veio com a promessa de reunir grandes astros dos longas de ação dos anos 80 e
trazer a tela toda sua hegemonia e performance clássica que empolgou muita
gente naqueles anos. Infelizmente foi uma decepção. Eis que chega sua
continuação angariando ainda mais gente, reunindo toda uma equipe de brucutus
numa nova missão. Ahhh... esse sim se fez impactante, não pela história contada,
mas pela realização e homenagem, pelo divertimento e brincadeira, e mais, pela
metalinguagem proposta garantindo momentos de muito humor e um clima de
nostalgia melancólico com a constatação desses heróis envelhecidos. O que não
significa que eles não possam tocar o terror! E tocam! Eletrizam!
A abertura do filme é um
autêntico cartão de visitas do que a obra trará em seu desenrolar. Muita
violência e brutalidade, a testosterona quase sai pelos poros de seus
personagens que empunham armas como se estas fossem extensões de seus corpos,
destruindo tudo e a todos que funcionam como potenciais ameaças, deixando
rastros de sangue e violência pelo caminho de maneira estranhamente cômica,
impactante, capaz de fazer os fãs delirarem com tal abertura monumental. Um
exagero, um exagero notável, bem realizado e recheado de frases de impacto –
algumas escritas nos carros e caminhões. Que filme é esse? Um salto há 30 anos
atrás. De fato estamos diante dos donos dos rostos mais marcantes do cinema de
ação. E tome referências!
O roteiro escrito por Sylvester
Stallone juntamente a Richard Wenk refaz caminhos comuns de produções do gênero
com um maniqueísmo prático, além de ser um banho de alusões aos seus atores,
algo que notadamente garante boas risadas do público, especialmente naqueles
que conhecem cada um deles. Aí se solidifica o exercício da metalinguagem,
proposta adequada do filme que não se leva a sério, brinca com si mesmo fazendo
emergir na mente lapsos de outros longas do gênero como “Rambo”, “O
exterminador do Futuro” e “Soldado Universal”. E o que dizer de manejos e
dicções, como Jean-Claude Van Damme vivendo o vilão Vilain que, em certa
altura, dá um chute nos transportando aos seus tempos de glória, recordando “O Grande Dragão Branco” e “Desafio Mortal”.
Pancadaria,
tiros, bombas, caos. Atributos masculinizados que aturdem durante todo o filme.
No entanto ainda há alguma profundidade, ou pelo menos tentativa, já que
Stallone, não satisfeito com o empenho enérgico da obra, busca trazer alguma
reflexão triste sobre sua condição enquanto mercenário – o que sugere, talvez,
um desabafo pessoal sobre seu serviço prestado ao cinema comercial onde já não
é tão exigido. Algo próximo de “JCVD” onde Van Damme discursa ressentidamente a
respeito de seu passado. Se há uma projeção intimista empregada no longa, não
se sabe, mas há o protagonismo evidente de Stallone com seu Barney Ross
ao lado de Lee Christmas (Jason Statham), ambos tem os personagens melhores
trabalhados. Também participam da brincadeira caras como Jet Li, Dolph Lundgren,
Terry Crews, Liam Hemsworth e Randy Couture.
Anteriormente mal
dirigido pelo próprio Stallone, essa sequência escapou pelos dedos do
intérprete de “Rocky Balboa” e ficou a cargo de Simon West,
diretor responsável pelos filmes “Assassino a preço fixo”, “Con Air” além do ruim “Lara
Croft: Tomb Raider”. Ao menos em “Os Mercenários 2” compreendemos um pouco
melhor o contexto da trama com a câmera mais contida e a edição sem o
excesso de cortes – o senso espacial, por sua vez, é absolutamente ignorado.
West cumpre bem seu papel e entrega cenas de ação expoentes com energia o
bastante para não dar chance para o espectador se desconcentrar. Não é, em
qualquer hipótese, uma enxaqueca narrativa como “Transformers”. É de fato um
filme que mostra o potencial de seus atores, coroando com presenças ilustres e
cenas pra lá de empolgantes. Arnold Schwarzenegger e Bruce
Willis juntos causam um furor. Porém há alguém que vem potencializar
a ação, um tal lobo solitário, Booker, vivido por ninguém menos que Chuck
Norris! Engraçadíssimo. Ele é um dos alívios cômicos da
narrativa, fazendo jus a sua fama ganha na internet. E suspeito que este teve 100% de acertos nos
tiros, não sofreu nenhum arranhão e tampouco perdeu uma gota de suor.
Ao final é isso,
diversão descompromissada, uma homenagem a esses caras que deixaram uma marca
no cinema cujos feitos dificilmente serão esquecidos, uma vez não fazerem parte
dos sucessos passageiros a qual estamos expostos atualmente. E se tanta ação
parece ser algo notoriamente comum, ainda mais pensando nos vários exemplos
lotando as prateleiras das locadoras, ao menos esse tem a nostalgia necessária
para um filme funcionar organicamente com os espectadores. Se ao final não
obtivermos qualquer aprendizado, reflexão ou não presenciarmos grandes atuações,
ao menos a diversão é inegável, nos divertimos juntamente aos atores que
claramente estão satisfeitos em fazer parte dessa movimentada recreação!
Bem divertido! Assista sem compromisso com a narrativa e dê boas risadas! :D
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