O diretor e roteirista francês Luc Besson retorna com seu novo filme, “As Múmias do Faraó”, atualmente disponível em DVD, que é baseado em quadrinhos de Jacques Tardi. Passou quase despercebido pelos cinemas nacionais. Alguns ainda dizem que sua estréia por aqui foi uma surpresa, uma vez que quadrinhos europeus não costumam emplacar no Brasil salvo algumas exceções. O filme conta a história de Adèle Blanc-Sec, jornalista a procura de matérias extraordinárias após o fim da primeira guerra. Ela tem em mãos um material que pode ser um sucesso, sobretudo para salvar a vida de sua irmã que tem vivido em estado vegetativo por causa de... é melhor nem comentar. Adèle vai até o Egito em busca de uma tumba de um faraó pretendendo despertar a múmia de um médico o qual segundo a história tinha grandes poderes de cura. Para ressuscitá-lo, a jovem aventureira conta com um apoio inusitado.
Luc Besson é famoso por célebres trabalhos como “O Profissional”, “Imensidão Azul”, “O Quinto Elemento”, mas também já foi alvo de chacotas graças a fiascos como seus roteiros para “Bandidas” e “Táxi 4”. O roteiro parece ser um costumeiro problema na carreira do cineasta. Em “As Múmias do Faraó” tudo é bagunçado, algumas coisas custam a fazer sentido e outras temos de esquecer completamente para apreciar a obra. A atenção em seu novo trabalho é voltada para Adèle, jovem que faz o tipo Indiana Jones de saia, protagonizando cenas engraçadas e não deixando sua sensualidade se perder com a bizarrice de alguns momentos – algumas tomadas com a garota, que é vivida pela aparentemente delicada Louise Bourgoin, ganha luxúria e certa provocação inesperada. Os efeitos especiais não são hollywoodianos, mas são bons. O figurino então, é rebuscado, revitalizando a Paris pós primeira guerra.
Adèle é o cerne da história, – ao menos Bourgoin a conduz com sensatez e elegância fina – mas a narrativa é toda falha e absolutamente surreal. Claro que conhecemos sucessos de bilheteria cujo irreal funciona. Não tão distante, está a bem realizada franquia “A Múmia”. Mas em “As Múmias do Faraó” tudo soa dissonante demais e verdadeiramente bizarro. Enquanto Adèle vive aventuras mortais no Egito atrás da múmia que detém a cura, em Paris um pterodátilo de 136 milhões de anos saiu de um ovo exibido num museu e está sobrevoando a cidade e apavorando alguns de seus moradores. A medida que o filme avança, o dinossauro se transforma de uma criatura perigosa num animal de estimação tão assustador quanto um coelho. Essa incoerência extrapola, atrapalha o desenvolvimento da história que se inicia perdida e termina confusa. Mas é engraçada, tem sua fineza e sua beleza, e tem uma protagonista suficientemente cômica que faz o filme dar certo. Há ainda o vilão vivido pelo extraordinário Mathieu Amalric, irreconhecível em seu papel. Pirado, mas divertido, para aproveitá-lo, é necessário não levá-lo a sério.
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