sábado, 22 de setembro de 2012

Proseando sobre... O Legado Bourne



O filme inicia e sua primeira cena logo nos leva a pensar: ora, já vi isso antes. Segundos depois: claro, esse é Jason Bourne. Não. Quase isso. É uma tomada na água, um corpo está flutuando inerte. Logo ele se movimenta e mergulha. Entre montanhas gélidas, nevascas e lobos, um homem caminha solitário sobrevivendo como pode as duras ações do tempo e percebe que as pílulas que usa para sustentar sua força e percepção estão se esgotando. Este é Aaron Cross (Jeremy Renner), um homem igualmente poderoso como Jason Bourne – este último é constantemente citado ao longo do filme –, com as mesmas habilidades físicas e intelectuais. Ambos fizeram parte de um projeto de criação de seres humanos superiores e, enquanto o Jason é perseguido, segundo a lógica cronológica dos filmes anteriores, outros homens são exterminados, o que nos leva a fuga do protagonista, Cross, o número 5 dos experimentos. 

Resultado de um programa chamado Outcome, esses homens transformados em super agentes precisam ser exterminados antes que a verdade por trás da finalidade do experimento seja revelada. Não somente esses, mas os cientistas envolvidos com a droga e que conhecem os objetivos do projeto do governo também devem ser extintos. Uma caçada letal se inicia, com uma série de mortes e uma fuga desenfreada com poucos sobreviventes, entre eles, além de Bourne – que não aparece em cena, a não ser numa foto – está Aaron e a Dra. Marta Shearing (Rachel Weisz). Para nos transportar ao âmbito característico da trilogia, cenas de ação, perseguição enérgica, combate em extremos e viagens a várias partes do mundo contextualizam a trama. Algumas seqüências de cena são interessantes plasticamente, no entanto o senso espacial de seu realizador compromete, com distâncias vencidas em tempos recordes e excesso de cortes.
   
Fora da empreitada, Paul Greengrass que dirigiu os dois últimos longas da franquia cedeu a cadeira da direção ao roteirista dos 4 filmes, Tony Gilroy, que tem experiência por trás das câmeras, inclusive com indicação ao Oscar em “Conduta de Risco”. Se anteriormente a premissa trazia um homem em busca de sua identidade nos convencendo que a graça do projeto era a revelação de quem era o sujeito que dotava de uma série de habilidades além dos potenciais humanos, essa sequência se revela mais comum e usual, transformando o herói numa vítima a esquiva da morte em vários sentidos, enfraquecendo o potencial da narrativa que ainda carrega o nome de Bourne. Aqui Aaron sabe quem ele é. O destaque fica com seu implacável caçador, Eric Byer (vivido por um desperdiçado Edward Norton). 

Com bons artifícios estéticos que vão desde a montagem eficiente até o trabalho de fotografia que fundamenta maniqueísmos através da composição das cores em suas representações, “O Legado Bourne” busca relembrar o que já fora feito e propor ao público que este é, de fato, uma continuação da bem realizada franquia. Tal obra vem com pretensões de criar, provavelmente, uma nova trilogia. Esquecer Jason Bourne será algo impossível, sobretudo pelos feitos da produção que arrecadou mais de 1 bilhão ao longo dos 3 filmes. Não será possível enterrar o personagem. Quem sabe ele possa dar as caras no futuro?! Já Jeremy Renner, ótimo em “Guerra ao Terror” e “AtraçãoPerigosa”, e recentemente marcado por viver o Gavião Arqueiro em “Os Vingadores”, segura bem o papel de herói, mesmo que sofra com comparações inevitáveis com Matt Damon. Potencial para crescer, o filme tem. Que não se torne um mero caça níquel. 


Um comentário:

  1. O filme se saiu bem em construir uma história paralela, e ainda assim manter algumas ligações com a franquia original. As cenas de ação também são muito boas, mas não apresentam nada de inovador. Apenas os personagens são meio apáticos, especialmente a de Rachel Weiz. Mas no geral, é um bom filme.

    http://planocritico.ne10.uol.com.br/

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