terça-feira, 8 de novembro de 2011

Proseando sobre... Terror na Água 3D



 Tubarões famintos no cinema. Isso nos faz recordar de incontáveis filmes, especialmente de “Tubarão” do Spielberg, obra chocante dos anos 70. Ainda hoje ela funciona. Porém a prole de filmes semelhantes afundaram o gênero. Alguns até divertem, outros não temem a bizarrice e se orgulham de ser trash, como o recente “Piranha”. A onda 3D motivou a construção deste novo trabalho, afinal, que legal seria ver tubarões devorando pessoas através da tridimensionalidade. Ou não. Essa expectativa é deturpada, quase não vemos membros dilacerados e assistiremos pouco banho de sangue. Testemunhamos apenas água, movimentos e gritos. Que público o filme busca? Ahhh, mas é um filme da Disney, um filme de terror da Disney... assim até o Bruce de “Procurando Nemo” nos parece bem mais ameaçador.

Um grupo de jovens sai da cidade em direção ao lago em Louisiana a fim de passar um final de semana na casa de Sara (Sara Paxton). O clima descontraído de seu início rendendo piadas sobre os personagens converte-se em tensão quando, durante uma parada, deparam-se com dois homens do campo, arredios quanto a presença dos universitários. Após a primeira intriga, o grupo segue para o lago e iniciam a curtição até que sofrem o primeiro ataque. Trama usual. Priorizar os dois caipiras talvez teria sido bem mais curioso. A ótica dos habitantes locais, inclusive a desses dois, caras que provavelmente passam muito tempo conferindo reality shows, daria uma tonalidade nova a narrativa.  

O lago de água salgada – sim, o filme faz questão de focar que isto é possível – onde vivem tubarões guarda outros segredos. Estes segredos responsabilizam-se por reviravoltas estapafúrdias, esperando da platéia um sobressalto e indignação. O roteiro de Will Hayes e Jesse Studenberg insiste em querer ser sério, amedrontar e horrorizar. Funcionaria, talvez, com crianças. Os espectadores já perderam a fé neste tipo de obra. Alguns querem ver carnificina, outros não esperam menos do que mulheres nuas. Isso é incitado, mas no final o diretor recorre ao bom comportamento. E mais, o longa prova da caridade e gentileza do grupo. Em cena estão jovens românticos e heróis. Num ato tornam-se primitivos, mas desejando vingança por um amor. Esqueceram? É da Disney.  

Há ainda algo a se acrescentar. O melhor amigo do homem está presente, e não é preciso comentar muito para prever qual sua função dentro da trama. Eis o ser pensante no filme, o labrador. A saída ao tentar aproveitar alguma coisa no projeto é justamente o 3D. Não é uma exuberância, mas ele garante alguns sustos e closes interessantes. Só. O diretor David R. Ellis de “Premonição 2 e 4” prioriza mais a estética que o conteúdo. Os personagens pouco acrescentam, são figuras estereotipadas e marcadas pelo selo da produtora. Faltou eles ensaiarem alguma coreografia e começar a cantar. Já as máquinas assassinas sobressaem, fazem o que tem que fazer, devorar, sem que nós vejamos. E dizem que “Piranha 3D” é uma droga, ao menos dentro do que propõe, ele é bastante autêntico.  


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