domingo, 6 de novembro de 2011

Proseando sobre... Nervos à Flor da Pele


A temática adolescente ganhou um exemplar islandês com esse “Nervos à flor da Pele”, longa que trata, entre outras coisas, do descobrimento da sexualidade de seu protagonista durante uma viagem até a Inglaterra onde, além de estudar, deixou amizades e experienciou um caso homossexual. Seu retorno à Islândia é marcado por esse evento, um segredo angustiado, um céu de incertezas sobre si, piorando ainda mais quando ao lado de uma garota, confessadamente apaixonada por ele. Nesta cidade, acessamos a índole adolescente vista em vários outros filmes, festas regadas a bebedeiras, amizades, estudos e problemas com os familiares. Nesse meio, outras questões são levantadas, com certa demasia ao terem pouco tempo para melhores explorações.

O trabalho tem ótica condolente à perspectiva adolescente, tudo é meio bagunçado, mal resolvido e confuso. A direção do estreante Baldvin Zophoníasson capta esse viés, mas desdobra para tantos rumos que corremos o risco de confundir histórias e personagens. O foco é a sexualidade de Gabriel (Atli Oskar Fjalarsson), garoto adorado entre os amigos, porto seguro para alguns, mas não é somente ele a ser considerado pelo roteiro. Uma garota apaixonada, o amigo traidor, tentativas de suicídio, o preconceito com imigrantes, são apenas alguns exemplos do que o filme busca tratar em seus 90 minutos.

Tanto assunto que poucos conseguem alcançar algum fundamento na narrativa, um destes que alçam vôos mais altos é o de relações familiares, sobretudo no papel de mães devoradoras, ou ao menos aquelas que exercem função semelhante com autoridade, caso da avó conservadora de Stella (Hreindís Ylva Garðarsdóttir). Gabriel não possui nenhum vínculo satisfatório com a mãe. Arredio a todas as investidas da mulher, até quando discursa sobre sua família denuncia antipatia, ao mesmo tempo que sai em defesa do pai que não mora junto a ele. É um filme bastante simples, bem intencionado, mas falho. Em nosso cinema, temos acompanhado bons filmes com este tema, como “As Melhores Coisas do Mundo” de Lais Bodanzky e “Antes que o mundo acabe” de Ana Luiza Azevedo. Comparações são inevitáveis.

Visando elaborar alicerces da fase adolescente, o longa explana horizontes e desaparece com eles. É feliz na concepção dos atos relacionados aquele universo, porém acaba expositivo demais, com fugas e desordens, não conciliando as dificuldades naturais deste período com as propostas vigentes sugeridas na trama, desenrolando-se, assim, para lugar nenhum. Decepciona, uma vez que possui bons personagens com questões pessoais que dariam longas metragens particulares e provavelmente não terminaria como um filme contemplativo juvenil, mas sobre os percalços os quais estão envolvidos seja lá qual classe social ou cultura pertençam. 


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