terça-feira, 29 de novembro de 2011

Proseando sobre... Happy Feet 2



 Após o sucesso do primeiro filme lançado em 2006 (vencedor do Oscar de melhor animação), chega aos cinemas uma continuação que preza, igualmente seu precedente, a qualidade técnica e uma história com mensagens ecológicas. Foram 4 anos de desenvolvimento e pesquisas que incidiram até em expedições na Antarctica. O resultado da busca pela retratação é quase comovente, brilhante e sem dúvidas a maior força desta obra, novamente escrita e dirigida por George Miller. Já a narração arrisca alcançar novos horizontes, estagnando-se na noção já explorada com o pinguim dançarino Mano no longa anterior, com sua incessante busca de se colocar num meio o qual o canto é um bem primário. Aqui há uma inversão dessa idéia através de seu filho Erik, uma pequenina e adorável ave que não leva muito jeito com a dança.

Vítima de chacota numa cena inicial musical, Erik se fecha num buraco cogitando procurar um outro caminho, uma vez não atender as características do bando local. Aí surge um dos vários temas que o filme procura abranger, a relação entre pai e filho, cuja figura paterna não consegue aliviar a angústia do pequeno em ser diferente de seus semelhantes. Parecidíssimo com a proposta de seu antecessor. Entram nessa fria convivência representações de ideais desejados marcados em outros personagens e em distintas espécies. Até um Elefante Marinho obstinado aparece para ressaltar a função do pai, oferecendo um conflito conservador e de respeito.

O design de produção esplendoroso denota satisfatoriamente aquele universo, com as geleiras hiper realísticas e os personagens obsessivamente detalhados, sem contar nos planos marítimos, acentuado por cardumes e dois krills – obviamente criados com a finalidade de aliviar tensões recorrentes. A dupla de crustáceos garante as melhores cenas cômicas da história, propondo carisma e inspirando reflexão sobre a necessidade de se adaptar no mundo que para eles é demasiado hostil. Outros personagens também favorecem a comédia, como o galanteador Ramon e o burlesco Amoroso (dublado no Brasil por Sidney Magal).

Os homens que aparecem durante o longa – em forma real – são vistos pelos animais como extra terrestres, formas de vida diferentes que ora ou outra surgem do mar. Não há uma grande crítica sobre o papel dos humanos. A narrativa incita a culpa deles numa alusão a catástrofe do aquecimento global, trata deslocamentos nas calotas e icebergs como ameaças não naturais rendendo severas consequências. Isso é fortalecido ainda pelo tom verde até então desconhecido no pólo. Assim, esses humanos que num determinado ato irrompem com faceta de herói, logo são descartados. Percebemos que nas atuais condições da terra, é difícil depender deles.

Com um desenrolar de assuntos marcados por muita aflição, algo que deverá desagradar algumas crianças e interessar adultos, “Happy Feet 2” encontra agitação em cenas de grande impacto, como nos derretimentos de costas e ameaçadores predadores. Um clima de tensão por vezes reside, equilibrando bem com as várias canções ecléticas sugeridas – às vezes tanta composição irrita. É um exemplo de “já vi isso” difundindo lições morais como a aceitação do outro e conscientização social banhado com canções e sapateado. 


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