segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Proseando sobre... O Patinho Feio


A história é a mesma velha conhecida de Andersen. A diferença se dá em sua concepção, feito em massa, igualmente ao australiano “Mary & Max”. Essa nova versão é russa, e não se restringe apenas a animação, também é um musical, adaptando a obra “O Lago dos Cisnes” de Tarkovsky em vários tristes e cômicos momentos. O carisma dos personagens não é tão grande como se supunha, mas os efeitos e o estilo são encantadores, a começar pela caracterização e pela conduta em apresentar seus personagens com galinhas, patos e gansos convivendo juntamente num pequeno espaço cercado. Eles tem seu hino, suas sanções e regras. Lutam para ser o melhor entre todos os poleiros e ignoram o que consideram diferente.

Numa tarde, o galo esperando por um filhote que o substitua, encontra um grande ovo fora da cerca. Ele o esconde e guarda junto a outros ovos crendo que dali sairia um imponente galo. Após todos chocarem, percebem que uma das aves é completamente diferente, não atendendo as características de nenhuma espécie. O galo disfarça e estranha. Abandonado, o pequeno “patinho” é obrigado a viver sozinho, sendo negado por todos e gozado por outros, devido sua aparência distinta. Nesse meio, a narrativa considera também a possibilidade da liberdade, uma vez que, ao procurar seu espaço, a ave se percebe fechada e idealiza um dia poder voar juntamente aos cisnes no céu.

A narração em formato de fábula estiliza o comportamento dos animais como se fossem humanos. É uma pequena sociedade retratada. O diretor Garri Bardin apóia-se na versão concebida por Andersen, destacando várias canções que discursam sensações e empregam a moral. Não são poucos os momentos que nos flagramos fatigados pelo excesso de composições, até o pessoal da Disney teria dificuldade em digerir tanta música. E como “O Lago dos Cisnes” foi a escolha – feliz, diga-se de passagem – para a adaptação, ao final, a melodia permanecerá em nossa cabeça. 

Singelo do ponto de vista dramático, o filme ganhará nossa atenção graças à forma como foi construído. A dimensão da segregação racial, digamos assim, nunca é plenamente compreendida pelo “patinho” que faz de tudo para ser aceito. O diretor não exita em transformá-lo num herói em certo ato, para depois nos provar, a partir das atitudes de seus personagens, que o preconceito pesa mais que o heroísmo. Tanta humilhação nos causará a mesma compaixão que tivemos em nosso primeiro contato com a história. É bom para a geração que a desconhecia, ficará mais uma lição já tantas vezes propagada a respeito de diferenças, valores sociais e morais. Tirará alguns sorrisos também, principalmente pela presença de coadjuvantes inusitados que funcionam como alívio para aquele disparate entre os bichos, como uma minhoca nervosa em constante fuga, acompanhando tudo proximamente, igualmente a gente. 

Um comentário:

  1. Adoro essa história, mas nunca vi essa nova versão. Parece ser interessante!
    Estou seguindo o seu blog :D
    http://seriesbooksmovies.blogspot.com/

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